Dois novos livros sobre Tintim lançados na Europa
Tintin et Moi, livro de entrevistas realizadas por Numa Sadoul com Hergé, o criador de Tintim, publicado pela primeira vez em 1975, foi considerado o melhor do gênero até então publicado com um criador de quadrinhos.
Agora, a Casterman (que publicou a primeira versão) traz um verdadeiro presente de fim de ano para os fãs do personagem e para os estudiosos da Nona Arte, ao relançar a obra na França.
Uma maneira bastante fácil de entender a grandeza da obra está expressa por uma entrevista de Numa Sadoul concedida ao jornal português Público, sob o título Um autor para a eternidade: Numa Sadoul, o "mega-entrevistador" de Hergé, que a Bedeteca de Lisboa reproduz, neste link.
Talvez o maior mérito do livro tenha sido exatamente dar a exata dimensão humana do criador por trás do mito. Na obra, cujo título integral é Tintin et Moi: Entretiens avec Hergé, Sadoul conseguiu, pela primeira vez, mostrar ao mundo as qualidades pessoais de Georges Remy, a pessoa por trás do pseudônimo Hergé.
As entrevistas foram feitas em 1971, quando Sadoul tinha apenas 24 anos e era um jovem fanzineiro. A bem da verdade, a demora da publicação do livro se deu, principalmente, por conta de um certo controle e de inúmeras correções ao texto por parte de Hergé, que se arrependeu de dizer algumas coisas. Assim, o autor acabou perdendo alguns pontos na possível comparação com seu personagem repórter cosmopolita, mas o mundo dos quadrinhos ganhou uma obra primordial.
O livro de Sadoul foi vertido para o cinema, com o mesmo nome, num documentário do dinamarquês Anders Ostergaard.
Numa Sadoul também publicou um livro de entrevistas com Franquin, outro ícone da BD, chamado Et Franquin Créa la Gaffe.
No site BD Net, é possível adquirir a nova versão do livro por 17,10 euros.
Outra novidade para os fãs vem da Espanha. Este mês, a editora catalã Zendrera Zariquiey publicou um livro homenagem, fechando as comemorações pelos 75 anos do personagem, chamado Tintín. Divertimento de Escritores, em que nove escritores belgas atuais relatam o que imaginam ser novas possibilidades de roteiros para as aventuras de Tintim, Capitão Haddock, os irmãos Dupont, Milú e o professor Girassol, caso a série continuasse sendo publicada.
Para sorte dos apreciadores, o livro é apenas uma referência lúdica. Pelo menos de momento, não há riscos de que Tintim venha a seguir os mesmos passos de Lucky Luke e Asterix, que vêm sendo descaracterizados pela insistência em se republicar álbuns depois da morte de quem lhes deu a unicidade no mundo dos quadrinhos: René Goscinny.
A Zendrera Zariquiey, sediada em Barcelona, é uma das maiores divulgadoras da obra de Hergé na Catalunha e na Espanha. Neste link, a editora mostra sinopses de outros livros muito bem cuidados sobre a série e alguns itens de colecionador, como agendas e calendários.
Para acompanhar, em português, a carreira de Tintim, uma bela referência é O Tintinófilo.