Dois projetos de quadrinhos disputam a atenção do Oriente Médio
O
exército americano planeja publicar uma revista em quadrinhos para os
jovens do Oriente Médio. Para tanto, está contratando profissionais para
criar uma série original.
Um anúncio num site governamental explica que "para alcançar a tão desejada
paz duradoura e a estabilidade, é necessário atingir os jovens".
E mais: "Uma revista em quadrinhos cria a oportunidade para que os jovens
aprendam lições, melhorem sua educação e se espelhem em modelos de comportamento".
De acordo com o anúncio de recrutamento para o projeto, o candidato precisa
ter alguma experiência nas forças policiais e também conhecimento da língua
ou cultura árabe.
O projeto, que está em fase de testes, depende dos resultados de grupos
de estudos, que receberão revistas modelos. Depois disso, a idéia pode
avançar ou ser completamente abandonada.
As revistas serão produzidas em árabe e a leitura será da direita para
a esquerda. O artista ou estúdio responsável também deverá ser capaz de
incorporar o texto neste idioma, além de versões sem texto, com balões
e onomatopéias que possam ser modificadas.
A revista deverá ter 16 páginas por edição, e o contrato de trabalho será
por doze números, podendo ser renovado.
A série será desenvolvida em conjunto com o exército americano, que já
preparou personagens e até um enredo. Ela se baseia nas forças de segurança
do Oriente Médio, num futuro próximo, e está sendo produzida pelo Comando
das Operações Especiais, cuja sede fica em Fort Bragg, na Carolina do
Norte.
Este quartel é a base do Quarto Grupo de Operações Psicológicas, os guerreiros
"psy-ops". Seus métodos de combate estão voltados para conquistar corações
e mentes, e suas armas incluem folhetos, mensagens transmitidas em programas
de rádio e até por megafones.
À primeira vista, é difícil dizer se o projeto tem uma função militar,
se é apenas propaganda ou se realmente visa o futuro bem-estar dos jovens
da região.
De qualquer maneira, este projeto não é o único que pretende atingir o
Oriente Médio.
A
editora egípcia AK
Comics já lançou alguns personagens de um universo de super-heróis
criado justamente para os jovens da região. Estas séries, desenvolvidas
em parceria com um estúdio americano, inclui artistas de várias partes
do mundo, inclusive brasileiros.
Entre os desenhistas e roteiristas estão Todd Vicino, Rafael Albuquerque,
Rafael Kras, Chad Smith e Faye Perozych.
A editora é responsável pelos primeiros super-heróis do mundo árabe. Zein
é o último faraó; Rakan, guerreiro solitário, é um guerreiro medieval
na antiga Mesopotâmia (região onde fica hoje o Irã e o Iraque); Jalila,
salvadora (e defensora) da Cidade de todas as Crenças, é uma cientista
que luta pela justiça; e Aya, a Princesa das Trevas, é uma norte-africana
que combate o crime numa espécie de moto futurista.
O objetivo é diminuir o abismo cultural, criar ícones e dar um motivo
de orgulho aos jovens árabes.
A AK Comics foi criada em 2002, pelo Dr. Kandeel, da
Universidade do Cairo, no Egito. Seu primeiro lançamento ocorreu
em setembro de 2003.
Recentemente, a editora firmou um acordo com a EgyptAir,
a companhia de aviação egípcia, para distribuição, durante seus vôos,
de 20 mil exemplares das revistas. Este tipo de parceria é inédito no
mundo.