Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Editora carioca lança Marcel Proust em quadrinhos

1 dezembro 2003

Em Busca do Tempo: No Caminho de Swann - CombrayUma novidade tão inesperada quanto agradável acaba de chegar às livrarias, pela Jorge Zahar Editor. Trata-se de Em Busca do Tempo Perdido - No Caminho de Swann: Combray (formato 28,8 x 21,5 cm, 72 páginas coloridas, R$ 39,00), adaptação de um clássico da literatura mundial, escrito por Marcel Proust, para a linguagem dos quadrinhos.

Para se ter noção da importância de Em Busca do Tempo Perdido, um longo romance em sete volumes, no Brasil a obra foi traduzida por escritores como Carlos Drummond de Andrade. Para os conhecedores de Proust, no entanto, a melhor tradução para o português é de Mário Quintana, escritor, crítico e poeta gaúcho.

O responsável por esta difícil transposição foi Stéphane Heuet, de 46 anos, que trabalhou durante muito tempo como diretor de arte em agências de publicidades francesas, e nunca havia feito uma HQ. Atualmente, ele se dedica exclusivamente à série Em Busca do Tempo Perdido, que já tem três álbuns. Felizmente, a Jorge Zahar já anunciou os dois seguintes: À Sombra das Raparigas em Flor - Partes 1 e 2. Só para concluir o primeiro livro, o autor demorou três anos e meio. Por isso, espera terminar a adaptação de toda obra em 2020!

Como foi compilado de forma fiel ao texto original, o álbum (muito bem produzido) é uma excelente porta de entrada para a inesquecível experiência de se ler Proust. Combray, a casa dos parentes, a deliciosa Madeleine, a igreja de Santo Hilário, o sadismo, a hesitante vocação literária... Esse é o cenário inicial das aventuras e desventuras do Narrador de Em Busca do Tempo Perdido.

No fim do volume há ainda informações, curiosidades e notas que fornecem referências para a leitura. Tudo ricamente ilustrado.

Quando foi lançado na França, em 1998, Heuet foi alvo de severas críticas do jornal Le Figaro, que estampou numa manchete: Proust Assassinado!, e ainda chamou o álbum de "prodigiosamente vazio", "blasfemo" e "cruel".

Felizmente, nem só do Le Figaro vive a imprensa francesa, que costuma valorizar bastante os quadrinhos. Daniel Couty, do Le Monde, escreveu: "A adaptação de Stéphane Heuet, longe de ser uma traição, é uma notável introdução à leitura de Proust."

Já Mathieu Lindon, do Libération, afirmou: "Desenhado com total classicismo, com narração do próprio Proust e diálogos originais ou adaptados do estilo indireto, este Combray tem tudo para surpreender os proustianos."

O resultado? Os franceses compraram 180 mil exemplares do álbum, que foi vendido para dezenas de países, e agora chega ao Brasil. Uma ótima notícia, especialmente para os historiadores e para quem batalha para mostrar como os quadrinhos podem servir como ferramenta educacional e de incentivo à leitura.

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