Editoras independentes da América Latina se reúnem em evento na Argentina
Cada
vez mais atuantes e prestigiados, ou autores e editores independentes
crescem em produção e em qualidade, mostrando as novas expressões dos
quadrinhos nacionais. Esta máxima não se aplica apenas ao Brasil.
Em vários países o florescimento dessa atividade passa à margem das grandes
editoras e seus lançamentos previsíveis. Para discutir o momento excepcional
da cena independente dos quadrinhos um grande fórum aconteceu no último
final de semana, na Argentina.
Como o UHQ informou,
a cidade de Morón, na área metropolitana de Buenos Aires, sediou o 1º
Festival Internacional de la Historieta de Morón, reunindo autores
e editores independentes da Argentina e de vários países da América Latina,
dos Estados Unidos e Europa. A organização do Frontera - como é
chamado o evento - foi de La Productora (sob os cuidados de Cristian
Mallea, Angel Mosquito, Gervasio, Aón, Mazzone, Guaragna e Jok) e da direção
de Arte e Cultura do município.
Por aqui, tem-se o mau hábito de só se olhar para o Atlântico e para cima,
esquecendo a fascinante cultura que emana dos latino-americanos. Esta
é a razão de o valoroso trabalho realizado por La Productora, uma
das mais atuantes editoras independentes de revistas e livros em quadrinhos
ser praticamente desconhecido.
La Productora, dentre outros grupos que agitam a cena independente
na Argentina, tem se destacado como um celeiro de jovens autores que honram
a tradição da arte seqüencial daquele país.
Para diminuir essa distância, a editora brasileira Marca
de Fantasia se uniu à La Productora para promover o intercâmbio
dos autores dos dois países. No início de outubro, os editores se reuniram
na Argentina e tudo leva a crer que essa parceria renderá bons frutos.
O Frontera reuniu mais de 150 obras originais expostas numa grande
tenda armada na praça central da cidade, teve mais de 50 estandes de venda
de publicações de editores independentes e associações, oficinas de desenho
e roteiro, palestras, debates e espetáculos multimídia.
Da feira de publicações participaram editoras e associações de toda a
Argentina, do Chile, Bolívia, Peru, Paraguai, Uruguai, Colômbia, Portugal,
Brasil, França e Estados Unidos. Alguns dos temas debatidos foram Historieta
e política e Desconstruindo a indústria da historieta na Argentina.
Marcaram presença no evento as editoras Ergo Cómic, do Chile, Caraxoman,
do Peru, Pseudo Gente, da Bolívia, Marca de Fantasia, do
Brasil, Belerfonte e Guacho!, do Uruguai, além das argentinas
Llanto de Mudo, de Córdoba, Unhil, de Tucumán, AHI
e Sacapunta, de Rosário, La Mancha, de Salta, Idioteque,
de Jujuy, Aquelarre, de San Nicolas, El Picasesos, Ex-Abrupto
e SudaMeryk, de La Plata, e Iron Eggs, A4, Thalos,
Comiqueando e Bastión, de Buenos Aires.
Grandes nomes dos quadrinhos argentinos estiveram no festival, que prestou
homenagem póstuma aos mestres Héctor Oesterheld, Alberto Breccia, Eugenio
Zoppi e Juan Zanotto.
O nome Frontera é mais uma homenagem a Héctor Oesterheld, o maior
roteirista argentino de todos os tempos, evocando o nome de sua editora.
Para os organizadores do evento, o objetivo é fazer de Morón um pólo dos
quadrinhos independentes latino-americanos, um lugar onde os mestres e
os jovens autores possam divulgar seus trabalhos, gerar um espaço de reflexão
e atrair o público a esta arte, que segue inexplorada no âmbito da educação
e da cultura em geral. Estão no caminho certo para conseguir.