Entrevista com Cary Nord, o novo desenhista de Conan
O editor Fernando Bertacchini gentilmente enviou ao Universo HQ uma entrevista com o desenhista Cary Nord, que está assumindo a arte da nova revista do famoso bárbaro pela Dark Horse Comics.
Este texto foi publicado originalmente no website oficial da Conan Properties, e sairá em Conan # 19, da Mythos Editora.
Cary, qual é a duração do seu contrato de produção da nova revista do Conan? Por favor, comente os aspectos positivos e negativos desse trabalho.
Cary: Eu assinei contrato para desenhar 12 edições mensais. Sendo bem honesto, não há nenhum aspecto negativo, ao menos na minha opinião. Talvez seja um certo desafio manter esse ritmo de produção mensal, mas me sinto pronto pra isso. E me ajuda saber que tenho um monte de gente talentosa trabalhando comigo nesse título.
Qual é o maior desafio de se trabalhar com o Conan e o Universo Hiboriano?
Cary: O único real desafio tem sido encontrar e pesquisar o material necessário pra tornar autêntico o mundo do Conan, embora eu adore essa etapa do trabalho. Venho vasculhando livrarias em busca do máximo possível de informações sobre reinos e civilizações antigas pra formar meu arquivo de referências.
Você já mencionou a arte de Frank Frazetta como uma das influências iniciais do seu trabalho. Conan tem uma rica história visual que vem desde os anos 30, e provavelmente a versão mais conhecida do Cimério é a de Frazetta. Com certeza, você foi contratado devido ao seu talento como ilustrador, e não como imitador. Nesse caso, pode explicar qual será a sua abordagem geral do Gigante de Bronze?
Cary: Eu quero que o Conan e seu mundo passem a sensação de que poderiam ter realmente existido, quase como se estivéssemos retratando fatos históricos em vez de uma obra de ficção. Planejo usar como referência lugares e artefatos históricos e alterá-los um pouco de forma que eles ganhem características próprias.
Frazetta certamente exerceu grande impacto no meu estilo artístico e você provavelmente consegue identificar sua influência no meu trabalho, mas acho que ninguém jamais poderia me acusar de ser uma cópia. Eu acumulo muitas outras influências que também costumam transparecer e acredito que todas contribuem com o meu estilo próprio.
Cada aventura é um mini-filme que você dirige em parceria com o roteirista Kurt Busiek. Quais elementos você julga fundamentais para a criação de um universo de fantasia que já é amplamente conhecido?
Cary: Pra mim, é a atenção aos detalhes. Eu assisti recentemente ao documentário de produção do filme O Senhor dos Anéis... aquilo, sim, é atenção aos detalhes! Eles planejaram tudo meticulosamente, o que torna muito mais fácil acreditar no que se vê em cena.
Já que estamos falando de fantasia, além dos quadrinhos o que mais você lia nos seus anos de formação profissional? Alguma de suas leituras influenciou sua retratação do Conan?
Cary: Os X-Men e diversos outros títulos da Marvel Comics eram praticamente a totalidade do meu universo fantástico. Às vezes eu até comprava uma Savage Sword of Conan (Espada Selvagem de Conan), se a arte agradasse. Não consigo me lembrar de nada que tenha influenciado diretamente a minha abordagem do Cimério, mas com certeza as influências existem em algum lugar.
Quando desenhava o Demolidor, você comentou que o personagem não oferecia variedade. Ou ele estava em seu uniforme vermelho e surrando bandidos, ou vestindo um belo terno. Conan apresenta o mesmo tipo de problema?
Cary: O que me incomodava no Demolidor era ficar sempre limitado a duas ambientações. Ou ele passava todas as histórias nas ruas de Nova York ou na firma de advocacia de Matt Murdock. Depois de um tempo, a gente quer desenhar alguma novidade, mas não havia mesmo pra onde se levar o personagem. Já o Conan oferece um universo rico em diversidade. Ele te permite desenhar quase tudo que você puder imaginar. Afinal, estamos percorrendo um mundo inteiro e não somente uma estática cidade.
Lindas escravas. Comente. (Em outras palavras, Conan deve lhe propiciar muitas oportunidades pra retratar mulheres sensuais, sejam ou não de haréns)
Cary: É incrível o nível de atenção que eu recebo quando se trata de ilustrar mulheres sensuais. As mulheres da Era Hiboriana são tão dinâmicas e emocionantes como os homens. Elas sabem qual é a fonte de seu poder e não hesitam nem um pouco em tirar total proveito disso. Neste momento, estamos adaptando o texto A Filha do Gigante de Gelo e Atali é um exemplo perfeito de uma dama hiboriana: sensual, ardilosa e letal.
Artisticamente, o que você espera aprender enquanto desenha esse título? Em que sentido imagina que sua arte pode evoluir?
Cary: Não sei. Eu já tento constantemente me tornar cada vez melhor e acho que ainda estou a uma eternidade de ser um mestre em qualquer coisa. Portanto, o máximo que posso esperar deste período é continuar aprendendo.
O Cimério vive numa era brutal. Talvez esta seja a mais violenta série que você já ilustrou. Algum comentário?
Cary: Conan provavelmente vai ser mesmo a revista mais sanguinolenta que já produzi. Pessoalmente, prefiro representação gráfica moderada à explícita, mas com certeza as histórias vão ter muito sangue e vísceras para os fãs mais sanguinários que há por aí.
E os demônios e criaturas sobrenaturais? Essa não é uma nova arena pra você?
Cary: Taí uma arena onde estou ansioso pra ingressar. É ótimo alongar meus "músculos artísticos" em direções completamente diferentes.
Algumas palavras de alento aos fãs mais ansiosos ou exaltados?
Cary: Apenas tenham a certeza de que todos os envolvidos nesta série em quadrinhos estão se empenhando pra manter a coisa autêntica e honesta.