Exclusivo: italiano Marco Lupoi fala da permanência da DC na Panini
Depois
que a DC Comics,
no final de novembro, voltou
atrás na decisão de transferir sua linha de super-heróis para a Pixel
Media, tudo indicava que Batman, Superman e companhia continuariam
na Panini
Comics. E foi o que aconteceu.
No dia 18 de dezembro, o Blog
dos Quadrinhos divulgou uma declaração de José Eduardo Severo
Martins, diretor-presidente da Panini no Brasil, garantindo a renovação
do contrato, mas sem revelar a duração. Disse apenas que era de "longa
duração".
A Panini, literalmente, virou um jogo perdido. Reverteu um quadro
que era tão dado como certo que a própria editora admitiu que a minissérie
Crise Infinita tinha grandes chances de sair num volume único (o
que prejudicaria a conexão da trama com os títulos mensais). Ontem, no
entanto, o site Herói
divulgou uma notícia em que Fabiano Denardin, editor da DC, afirma
que a saga sairá mesmo em capítulos - e com as mudanças
que o texto teve em sua versão encadernada nos Estados Unidos.
Para explicar ao leitor brasileiro como a Panini conseguiu essa
vitória, o Universo HQ entrevistou, por e-mail, com Marco Lupoi,
diretor de publicações da multinacional italiana, que foi quem comandou
a renovação com a DC.
"Negociações de licenciamento tomam bastante tempo e rumos
inesperados. A Panini é a líder mundial na publicação de mangás
e quadrinhos americanos, com mais de 600 produtos licenciados. Então,
vamos dizer que sabemos o que estamos fazendo, e mesmo que nem sempre
consigamos assinar o contrato de um título em particular, lutamos até
o último minuto", declarou Lupoi.
Segundo o executivo, o relacionamento da Panini com a editora norte-americana,
além de longo, sempre foi muito profissional, pontual e de confiança.
"No Brasil, nós praticamente levamos a DC ao atual patamar. Então,
acho que isto também contribuiu (para a decisão)", explicou.
Indagado a respeito do fato de a Panini licenciar os direitos da
Marvel na Europa
e na América do Sul e de a DC ter manifestado o interesse de ver
seus títulos em outra casa editorial no Brasil (como já aconteceu em outros
lugares), Lupoi explicou que a editora para a qual trabalha publica as
duas majors do mercado norte-americano em três grandes países:
Brasil, França e Alemanha.
"Desenvolvemos todas as nossas 'licenças' ao máximo de seu potencial (não
apenas as duas grandes, mas também Top Cow, Shueisha, Kodansha
etc.). Então, isso não é realmente um problema. Trabalhamos cada título
de acordo com sua história e seu potencial. Nós precisamos alcançar vendas
mais altas para o Superman e Homem-Aranha e
Astroboy (inédito no Brasil) e Rising Stars; e não
jogar uma revista contra a outra", declarou.
De acordo com Lupoi, o único momento em que há algum tipo de conflito
é no cronograma de lançamento das revistas ("nós nunca lançaríamos Crise
Infinita e Guerra Civil uma contra a outra"), mas isto também
ocorre nos Estados Unidos e ele considera apenas uma boa prática de marketing.
A respeito do anunciado - e esperado - aumento de títulos da Dc,
Marco Lupoi garante que a DC não exigiu isso. "Seguimos a produção
de quadrinhos norte-americana, e se existem muitas revistas boas, nós
publicamos muitas revistas boas", disse.
Lupoi revelou que a Panini também tinha interesse nos materiais
da Vertigo e da WildStorm, mas decidiu se concentrar nos
títulos centrais dos super-heróis. "Foi algo proposital, pois temos outras
linhas como Marvel Max, Top Cow e Virgin Comics para
saciar o apetite de nossos leitores mais maduros", afirmou.
(A "briga" pelos títulos da Vertigo e da WildStorm continua
aberta e só deve ter uma definição da cúpula da DC em janeiro de
2007. Como a Opera
Graphica já anunciou o fim de seu contrato, continuam no páreo
a Pixel e a Devir.)
Sobre dois problemas que a Panini tem enfrentado no mercado brasileiro
- a distribuição e a fraca penetração em livrarias -, Lupoi disse que
a editora tem um grande projeto sendo desenvolvido, aquecido pelos direitos
adquiridos para 2007 da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa,
.
Finalizando, o UHQ perguntou se esta foi a negociação de contrato
mais complexa da carreira do executivo. "Bem, houve muitas reviravoltas,
mas se fosse de outra forma a vida seria muito chata, não é mesmo?", respondeu
Lupoi.