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Panini aborda reajustes de preço em entrevista exclusiva ao Universo HQ

2 fevereiro 2018

Nas últimas semanas, um dos assuntos mais comentados pelos leitores brasileiros na internet foi o reajuste de preços realizado pela Panini Comics em sua linha de quadrinhos, especialmente nas edições voltadas para livrarias e com acabamento de luxo.

Isso causou grande repercussão, especialmente nas redes sociais da própria editora.

Na última quarta-feira, dia 31 de janeiro, a Panini divulgou um comunicado sobre o aumento aos seus leitores (leia aqui).

Desde então, o Universo HQ manteve contato com a editora, solicitando uma entrevista, por e-mail, com o presidente da Panini Brasil, José Eduardo Severo Martins, para se aprofundar na questão e abordar possíveis desdobramentos.

A editora atendeu o UHQ e, via assessoria de imprensa, enviou as respostas, assinadas pela Panini Brasil, com a sua posição oficial e detalhes do que levou às medidas tomadas neste início de ano.

Panini Comics

Universo HQ: A Panini se fortaleceu no mercado de encadernados em capa dura para livrarias com edições de bom custo/benefício, por causa de impressões feitas na China e em outros países orientais. Como o senhor analisa o crescimento deste mercado nos últimos anos?

Panini: O fortalecimento da demanda por este perfil de produto se deu pela alta aceitação dos colecionadores e pela expansão do varejo no mercado nacional. Devido à estratégia editorial e ao alinhamento constante com o mercado americano e europeu, é possível cada vez mais trazermos para o Brasil títulos que tenham esse perfil de grande aceitação do público consumidor. A impressão na China faz parte da estratégia de custo da empresa como um todo. No entanto, a flutuação da moeda e o aumento de preço das commodities têm feito com que essa estratégia de impressão no exterior nem sempre seja a mais atrativa para a empresa, do ponto de vista do planejamento de custos.

UHQ: Hoje, a impressão desses materiais segue sendo feita no Oriente ou passou para o Brasil?

Panini: Com a constante flutuação da moeda e o aumento de preço das commodities, as impressões no exterior têm se tornado menores e menos atrativas para a empresa, do ponto de vista do planejamento de custos a longo prazo.

UHQ: O volume de lançamentos em capa dura passa a impressão de que este formato é um grande sucesso junto ao público. Haverá um crescimento no número dessas publicações neste ano?

Panini: O desenvolvimento das graphic novels  se baseia na tendência mundial de migração dos colecionadores. Segundo uma matéria publicada pelo Publish News, no dia 19/01/2018, de Leonardo Neto, as vendas de livros tiveram um aumento de 4,55% em volume. Em faturamento, o crescimento foi de 6,15%, o que corresponde a um aumento de R$ 100 milhões a mais do que o apurado em 2016.

Comix

UHQ: Muitos leitores vêm reclamando de um encarecimento gradativo do preço de capa, de diversas editoras, nos últimos dois anos. No caso da Panini, isso se acentuou bastante no final de 2017. O que levou a esses reajustes, alguns superiores a 40% em relação a edições anteriores?

Panini: Visando manter a qualidade editorial e gráfica de seus produtos, a Panini Brasil fez um realinhamento nos preços a partir de 01/01/2018. A Panini trabalha com grandes licenças e produtores de conteúdo editorial, em sua quase totalidade, cobertas por direitos de propriedade internacional que sofrem com o impacto não só da concorrência, mas também da flutuação do mercado cambial. Esses contratos preveem lançamentos da mais alta qualidade editorial e gráfica e em linha com os mesmos títulos publicados em outros países.

Tivemos durante os últimos anos a preocupação de manter inalterados, ou com pequena variação, os preços de capa de nossos produtos sem redução da qualidade editorial e gráfica. Essa situação tornou-se insustentável em vista da desvalorização cambial e dos aumentos das matérias-primas utilizadas na produção das publicações que são cotadas em moeda internacional.

UHQ: Alguns dos exemplos mais citados por leitores são as edições em capa dura Escalpo – Volume 1 (296 páginas, R$ 120,00), Noite das Trevas (120 páginas, R$ 72,00), Novíssimos X-Men – Novos Rumos (144 páginas, R$ 42,00), Arqueiro Verde – A Guerra dos Renegados (172 páginas, R$ 51,00). A Panini já conseguiu mensurar se houve um impacto, positivo ou negativo, como resultado destes reajustes?

Panini: Apesar do realinhamento de preços que tivemos que fazer para manter e, em muitas oportunidades, melhorar a qualidade editorial e gráfica de nossos produtos, os preços praticados pela Panini no Brasil são inferiores aos outros mercados internacionais.

Dessa forma, evidenciamos que o preço praticado no mercado nacional está, quando não abaixo, em linha ao do mercado americano, quando convertido para a moeda Real, mas com qualidade gráfica equivalente.

Diferenças de preço, como o caso do título Escalpo, se devem a variações como tiragem, negociação com a licença para um título especifico ou mesmo obrigatoriedades contratuais. (Nota do UHQ: abaixo, uma tabela comparativa dos preços enviada pela própria Panini, que não inclui outras variáveis, como poder aquisitivo e salário mínimo de capa país).

UHQ: Quando a Panini assumiu a distribuição de suas publicações, o que se esperava era que os preços não sofressem majorações tão grandes. Por que isso aconteceu?

Panini: A mudança na distribuição da Panini foi planejada visando evitar um colapso na entrega e deterioração dos serviços praticados pela empresa que anteriormente era responsável pela distribuição dos produtos Panini. Esta decisão nada impacta na estratégia de precificação da empresa. Quando trouxemos a distribuição para a Panini, conseguimos uma maior abrangência e eficiência na colocação de produtos para os consumidores.

UHQ: O fortalecimento do comércio online com a entrada de grandes players e a política de descontos aplicadas pelos sites têm interferência na precificação dos quadrinhos, atualmente?

Panini: A política de descontos das livrarias não tem qualquer ligação com a Panini. O preço de capa sugerido aos varejistas, sendo online ou não, é igual. Cada varejista utiliza a estratégia de desconto que melhor lhe convém.

UHQ: A repercussão dos aumentos junto aos leitores está sendo bastante negativa. Um exemplo são os comentários no Facebook da Panini, que a cada postagem é invadido com reclamações e campanhas contra esta nova política. O mesmo se repete em outros canais. Qual é a posição oficial da Panini sobre este assunto? Existe uma possibilidade de a editora explicar os porquês desses preços aos seus leitores?

Panini: A Panini entende a insatisfação de alguns colecionadores, mas esperamos a compreensão, uma vez que tal mudança foi necessária para manter os padrões de qualidade editorial e gráfica dos títulos. É preciso esclarecer que a Panini tem obrigações contratuais com as licenças sobre a qualidade do material publicado.

UHQ: Há preocupação que essa onda de reclamações resulte em um impacto no desempenho dos títulos?

Panini: Todo aumento de preço é preocupante, independente da empresa, porém mudanças foram necessárias para assegurar o padrão dos materiais.

Não reajustar ou alinhar os preços impactaria não apenas na qualidade dos produtos, mas também nas negociações de títulos e licenças.

Contamos fortemente com a compreensão dos colecionadores.

Escalpo - Volume 1Noite das Trevas
Novíssimos X-Men - Novos RumosArqueiro Verde - A guerra dos renegados

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