Exposição em Londres mostrará exemplos de anti-semitismo nos cartuns políticos
Uma galeria londrina exibirá, em 2006, uma mostra de cartuns políticos
com arte que pode ser classificada como anti-semita.
A exposição se baseia na coleção de um médico judeu, Simon Cohen, e foi
parcialmente inspirada num cartum que mostrava Ariel Sharon (primeiro
ministro de Israel) nu, comendo uma criança palestina, de autoria de David
Brown, que foi publicado em 2003, no jornal inglês The Independent.
O cartum em questão chegou a ser premiado naquele ano, pela Political
Cartoon Society, como o melhor da Inglaterra.
O objetivo da exposição é definir os limites entre a crítica política
e a propaganda racista.
Segundo Cohen, alguns dos temas utilizados em imagens anti-semitas, como
judeus matando ou comendo bebês, vem sendo utilizados há mais de cem anos.
Existem casos nos quais a temática é a mesma usada na idade média, na
Europa do século 19, na Alemanha nazista, na União Soviética e na mídia
árabe contemporânea.
Os cartunistas dizem que é aceitável utilizar a imagem de um indivíduo
específico, numa imagem forte, desde que não ataquem os judeus como um
grupo.
Brown se defende dizendo que não usou um estereótipo, ou uma raça, mas
uma pessoa em particular. Segundo ele, seu trabalho se baseou na pintura
de Francisco Goya, Saturno Comendo Um de Seus Filhos.
O autor acrescenta que "não é porque algumas pessoas acharam o cartum ofensivo,
que automaticamente ele se tornou anti-semita".
Em 2003, diante da polêmica, o caso foi analisado pela Comissão
Inglesa de Reclamações contra a Imprensa, e o veredicto foi que
o cartum não tinha conotação anti-semita.
A exibição será feita na galeria da Political Cartoon Society,
dirigida pelo historiador Tim Benson, que é judeu, e acredita que o cartum
de Brown não tem este tipo de conotação.
Cohen e Benson discordam completamente sobre o assunto, mas estão gostando
da parceria para a exibição.