Faleceu Eddy Paape, criador de Luc Orient
O desenhista Eddy Paape faleceu em 12 de maio, em Bruxelas, na Bélgica, aos 91 anos. A morte do artista foi divulgada pela editora Lombard. Ele era conhecido por seu trabalho nas séries Luc Orient e Marc Dacier.
Edouard Paape nasceu em 3 de julho de 1920, em Grivegnée (atualmente um subúrbio
de Liège), na Bélgica. Quando garoto, estudou desenho e artes na ECAM
- École Centrale de Arts et Métiers (Escola Central de Artes
e Ofícios). Aos 15 anos, entrou no famoso Instituto Saint-Luc,
por onde passaram nomes como Hergé e André Franquin. Foi nesta escola que
Paape conheceu Franquin.
Em 1942, durante a ocupação da Bélgica pelas forças alemãs na Segunda Guerra
Mundial, Paape começou a trabalhar com animação na CBA - Compagnie
Belge d'Actualités. O CBA era um estúdio com atividades
clandestinas, em Liège, com ligações com a resistência. Nessa época,
ele adotou o nome artístico Eddy Paape.
Foi neste estúdio que ele veio a conhecer Peyo (criador dos Smurfs), André Franquin (desenhista de Spirou e criador de Gaston Lagaffe) e Morris (autor de Lucky Luke). O trio o incentivou a trabalhar com quadrinhos.
Quando o estúdio estava para fechar, em 1945, Paape passou a desenhar capas
e pequenas HQs para a editora Dupuis.
Nesse período aconteceu sua colaboração com o desenhista Jijé,
em Emmanuel.
Em 1946, ele substituiu Jijé - que havia viajado para o México (como relatado na HQ Gringos Locos) - na arte das aventuras do detetive Jean Valhardi, publicadas nas páginas da revista Spirou. Os argumentos eram de Jean Doisy, Yvan Delporte e Jean-Michel Charlier.
Seu trabalho em Valhardi se estendeu até 1958. Apesar disso, ele também trabalhou em outras séries. Em 1948, ajudou Victor Hubinon a ilustrar Tarawa, atoll sanglant, uma HQ de guerra, com texto de Charlier, publicada em Le Moustique.
Ele foi assistente de Hubinon nas tiras de jornal de Buck Danny - material que era distribuído pelo World Press Syndicate. O texto era de Charlier. Em 1951, desenhou Belles Histoires d'Uncle Paul, outra colaboração com Charlier.
Paape desenhou as aventuras do jornalista aventureiro Marc Dacier, um personagem
criado em colaboração com Jean-Michel Charlier - que escrevia os roteiros
-, que foi publicado pela primeira vez nas páginas da revista Spirou,
em 1958. Entre 1960 e 1982, foram publicados 13 álbuns de Marc Dacier.
O personagem mais famoso de Paape, Luc Orient, surgiu em 1966. Paape e Greg (Michel Reigner) criaram esta aventura de ficção científica para o Journal de Tintin - o maior concorrente da Spirou. A série tinha como inspiração as aventuras de Brick Bradford e Flash Gordon. Luc Orient teve 18 álbuns publicados.
Em 1969, Paape voltou ao Instituto Saint-Luc, com o apoio
de Hergé, para criar um curso de História em Quadrinhos. Ele permaneceu na
escola até 1975.
Outros trabalhos importantes de Paape incluem Jeux de Toah, uma colaboração com André-Paul Duchâteau, publicada em 1969; Tommy Banco, duas aventuras escritas por Greg, lançadas em 1970; e Yorik des Tempêtes, álbum em parceria com Duchatêau, de 1971.
Paape e Greg voltariam a trabalhar juntos em Johnny Congo, uma aventura em dois volumes (La Rivière Écarlate e La Fléche des Ténèbres), das edições Lefrancq, lançados em 1992 e 1993.
Em 2001, o CBBD - Centre Belge de La Bande Dessinée e os Correios da Bélgica prestaram uma homenagem a Paape, com o livro Eddy Paape a des Lettres, publicado por ocasião do lançamento do selo ilustrado por Paape, Philatélie de Jeunesse 2001 - Eddy Paape.
O escritor Alain de Kuyssche publicou, em 2008, Eddy Paape - La passion de la page d'après (edições Le Lombard), um livro sobre a carreira e a obra do artista.