Faleceu o desenhista argentino José Delbo
José Delbo, desenhista argentino que trabalhou durante décadas para a DC Comics, faleceu aos 90 anos, na Flórida. A notícia foi divulgada pela filha do artista, Silvana, nas redes sociais.
José Maria Del Bó, nasceu em Buenos Aires, em 9 de dezembro de 1933. Sua carreira começou cedo, aos 16 anos, quando publicou a HQ, El Mundo Subterraneo, na revista Suspenso # 3, de Carlos Clemen.
Posteriormente, desenhou histórias de Terry Atlas para a revista Poncho Negro. Na época, assinava com seu nome de batismo, embora também usasse o pseudônimo Jumbo, para histórias de humor lançadas no título Dragón Blanco.
Ainda na década de 1950, chegou a publicar três títulos próprios, financiados com dinheiro emprestado de seu pai: Bozooka, Far West e uma revista de detetive. A empreitada ruiu após o golpe militar, quando a situação política e financeira do país inviabilizou esse tipo de projeto.
Delbo colaborou com Héctor Germán Oesterheld na revista Hora Cero Extra, em Batallas Inolvidables, e Ernie Pike.
Além disso, desenhou para as revistas Misterix, Rayo Rojo, Intervalo e até fez uma HQ do personagem Patoruzú – de Dante Quintero —, La Cueva Del Yacaré.
Em 1963, devido à situação política na Argentina, Delbo se mudou para o Brasil e foi morar em Santos, no Estado de São Paulo. Ele desenhou para o almanaque do Vingador, criou Colorado (personagem que depois ficou na mão de Rodolfo Zalla), para a revista Combate. E ainda fez as tiras Gatinha Paulista e Justiceiro Alado, para os jornais Última Hora e A Nação, respectivamente.
Dois anos depois, o artista imigrou para os Estados Unidos. Morando inicialmente em Nova Jersey, Delbo fez diversos trabalhos publicitários até que o compatriota Luis Dominguez o apresentou a Tony Tallarico, um dos editores da Charlton Comics.
Seus primeiros trabalhos para a Charlton saíram em Outlaws of the West e Black Fury. Depois, ele desenhou durante oito anos a série Billy the Kid.
Além disso, ainda ilustrou Geronimo Jones, de 1971 a 1973, Ghostly Tales e The Many Ghosts of Dr. Graves.
Como freelancer, desenhou Secret Agent Mike Manley, na revista Fight the Enemy, da Tower Comics.
Além do faroeste, Delbo ficou conhecido por desenhar adaptações de séries de TV para as editoras Dell e Gold Key, como The Brady Bunch (A Família Sol-Lá-Si-Dó), Hogan's Heroes (Guerra, Sombra e Água Fresca), The Mod Squad, The Monkees, Ripley's believe it or not (Acredite se Quiser) e The Twilight Zone, dentre muitas outras.
Seu primeiro trabalho com super-heróis estadunidenses foi Doctor Solar, Man of the Atom.
Delbo começou a trabalhar para a DC Comics, em 1969, desenhando HQs para The Witching Hour e House of Secrets.
Em 1975, obteve a cidadania nos Estados Unidos. No ano seguinte, iniciou um de seus trabalhos mais marcantes na revista da Mulher-Maravilha. Sua primeira edição com a heroína foi Wonder Woman # 222, e a última, Wonder Woman # 286, publicada em 1981.
Ocasionalmente, ele também desenhou Superman, Batman, Adventure's Comics, Superman's Pal, Jimmy Olsen, The Superman Family, The Batman Family, Detective Comics, Action Comics, World's Finest Comics, Teen Titans, Unknown Soldier e The Fury of Firestorm. Delbo ilustrou as duas primeiras edições de The Adventures of Ford Fairlane, adaptação do filme de mesmo nome.
Delbo também foi durante anos o artista das tiras do Superman.
Para a Marvel – incluindo o selo infantil, Star Comics –, Delbo desenhou histórias dos Thundercats, Transformers, Brute Force, Inhumanoids, Captain Planet and the Planeteers, Barbie, Conan the Barbarian, Ravage 2099 e até NFL Superpro.
Desde o início da década de 1980 até meados dos anos de 1990, ele foi professor da The Kubert School. Dentre seus alunos estão: Jim Keefe, Eric Shanower, Lee Weeks, Sherm Cohen, Alex Maleev, Joshua Janes e Derrick J. Wyatt. Em 2005, mudou-se para a Flórida. Em Boca Raton, criou uma aula de desenho para crianças em idade escolar, que acontecia no International Museum of Cartoon Art.
Delbo se aventurou pelo mundo digital produzindo a HQ Death, de 43 páginas. Também experimentou o mercado de venda de NFTs (Token não fungível). Em 8 de março de 2021, durante a pandemia de Covid-19, ele vendeu uma de suas páginas da Mulher-Maravilha pela astronômica quantia de 1 milhão e 850 mil dólares para um colecionador, num leilão de NFT e criptoativos.
Após essa venda, as editoras Marvel e DC Comics divulgaram notas contra o uso ilegal de seus personagens, para evitar que outros artistas seguissem esse caminho.
Em 2013, para celebrar sua carreira, ele recebeu o prêmio Inkpot.
Sua filha, Silvana Delbo, é uma artista multimídia.