Faleceu o desenhista belga Didier Comès
O premiado desenhista belga Didier Comès faleceu, aos 70 anos, na madrugada de hoje, 7 de março de 2013. A causa da morte foi uma pneumonia. A notícia foi divulgada pelo canal de TV La Premiere.
Comès nasceu no dia 11 de fevereiro de 1942, no vilarejo de Sourbrodt, localizado numa região das Ardenas (na Bélgica), onde a população fala alemão - o idioma é uma das três línguas oficiais da Bélgica, mas é falado por apenas 1% da população.
Sua região natal tem uma trajetória rica em mudanças históricas. Fazia parte da Alemanha, mas passou a ser administrada pela Bélgica, em 1919 - e foi integrada ao país em 1925 -, como parte da restituição estabelecida pelo Tratado de Versalhes, após a Primeira Guerra Mundial.
Os alemães retomaram o território em 1940, que foi liberado pelas tropas aliadas em 1944 e a região foi reintegrada à Bélgica em 1945. Devido a essa história de conflitos regionais e a proximidade da Valônia - terra natal da mãe do artista, cujas línguas são o valão e o francês e é distante apenas um quilômetro do vilarejo germânico de Sourbrodt -, Comès dizia que era "um bastardo de duas culturas".
Essa herança cultural é parte importante da obra de Comès. Durante a ocupação, seu pai foi forçado a vestir o uniforme dos soldados alemães e enviado para combater na frente russa. Quando retornou, ficou preso - como todos os outros belgas que foram integrados às tropas nazistas - durante um ano.
Seu nome verdadeiro era Dieter Herman. Quando a Bélgica foi liberada da ocupação nazista, em 1944, seus pais mudaram seu nome para Didier, versão francesa de Dieter. E a paixão pelos quadrinhos veio na infância, quando lia as tiras de Johnny Hazard, de Frank Robbins, no jornal regional La Meuse.
No início da carreira, ele trabalhou como eletricista numa fábrica têxtil, em Verviers, até se formar como desenhista industrial. Seu envolvimento nos quadrinhos começou por volta de 1969, quando escreveu algumas tiras humorísticas para as páginas infanto-juvenis do jornal Le Soir. Em 1971, publicou algumas tiras de Homard vigilant na Spirou. Nessa época, um de seus artista favoritos era Jijé, autor do faroeste "realista" Jerry Spring.