Um grupo de editores de HQ da França e da Bélgica está ameaçando boicotar o Festival de Internacional de Quadrinhos Angoulême caso o evento não passe por mudanças fundamentais.

A lista das editoras rebeladas contra o festival inclui: Casterman, Dargaud, Delcourt, Denoël, Fluide Glacial, Futuropolis, Gallimard, Glénat, Jungle, Le Lombard, Panini, Rue de Sèvres, Sarbacane, Soleil, Urban Comics, Vents d'Ouest Anathème, Arbitraire, L’Association, Ça & Là, La Cafetière, La Cerise, La 5éme Couche, Cornélius, Éditions 2024, Frémok, Ici Même, Ion, L’Égouttoir, L’Employé du Moi, L’Oeuf, Le Lézard Noir, Les Requins Marteaux, Les Rêveurs, Misma, Pré Carré, Radio As Paper, Super Loto, Vide Cocagne, Même Pas Mal e The Hoochie Coochie.

Além disso, o grupo também conta com o apoio do braço de quadrinhos do Sindicato Nacional de Editoras, da França, liderado por Guy Delcourt (fundador da editora Delcourt).

O comunicado com o pedido de mudanças foi publicado no semanário Livres Hebdo, uma revista especializada no mercado de livros e publicações. Vários problemas foram citados, no que está sendo chamado de um acúmulo de erros, incluindo autores descontentes maltratados pela organização, declínio do público que visita o evento, falta de transparência na escolha dos premiados, uma cerimônia de encerramento desastrosa e a ausência de mulheres na seleção do último Grand Prix.

"Não existe uma visão ou estratégia definida para o evento", disse Guy Delcourt. O grupo pede a reformulação do festival, incluindo estrutura, forma de administração, estratégia, projetos e planos futuros. Segundo eles, a última edição do evento trouxe descrédito para os quadrinhos perante o público mundial.

Numa entrevista ao jornal Le Monde, Delcourt foi mais ousado e ameaçou criar outro festival de quadrinhos, numa região da França, afastada de Angoulême, para competir com o evento. "Se não encontrarmos um solução comum, temos condições de criar algo para destacar as HQs”, disse Delcourt.

O grupo pediu para ser recebido pela nova ministra da cultura da França, Audrey Azoulay - que assumiu o cargo no dia 11 de fevereiro - e que um mediador oficial seja apontado pelo governo.

Como resultado desse ultimato, os assessores da ministra - que está acompanhando o presidente François Hollande numa viagem pela América do Sul - informaram que os representantes das editoras serão recebidos no ministério dentro de dez dias.

O atual diretor-geral do Festival de Quadrinhos de Angoulême é Franck Bondoux.