Festival de Contern: como foi o evento
O
13º Festival Internacional de la Bande Dessinée de Contern
é uma grande feira de venda de revistas e álbuns realizada sob forte
calor (mais de 30°C), nos dias 22 e 23 de julho, na cidade de Contern,
no Grão-Ducado de Luxemburgo.
O evento acontece anualmente nesta pequena cidade, que fica a meros 15
minutos da cidade de Luxemburgo. O transporte é feito de trem até a estação
de Sandweiler-Contern e depois com uma van gratuita do festival, que passa
a cada 40 minutos para buscar os interessados.
O
"Internacional" do Festival fica por conta da presença de alemães, holandeses,
belgas, franceses e até malteses.
Contern é na verdade um vilarejo, e praticamente "pára" durante o festival,
que custa 3 euros por pessoa, e ocorre no centro. Durante o evento,
o tráfego de veículos fica proibido nas ruas centrais, nas quais os expositores
se instalam.
São inúmeras tendas (80, segundo o folheto) onde os expositores, na maioria
particulares, vendem seus produtos: revistas e álbuns, bonecos, brinquedos,
pins, camisetas, dvds e afins. Tudo, é claro, relacionado com quadrinhos.
O evento é embalado por música, tocada em caixas de som instaladas nos
postes, e em alguns momentos o som é ao vivo, com uma bandinha tocando
aquelas melodias alemãs dos oktoberfestivals.
Quem estivesse com fome podia apelar para as várias barracas de comidas
típicas, além de cerveja e sorvetes, e também os restaurantes da cidade.
As opções de compra são de enlouquecer. É possível encontrar
de tudo: álbuns novos com desconto (como as coleções Largo Winch e IR$), material antigo a preços
baratos (Thorgal, Alix, Feira dos Imortais), os clássicos (Tintim,
Asterix, Smurfs, Spirou, Corto Maltese) e raridades a preços exorbitantes.
Só para se ter uma idéia, o preço de um álbum de Largo Winch
(de Jean Van Hamme e Philippe Francq) custa em média 12 euros (R$ 36,00)
numa livraria, mas podia ser comprado por 6 euros (R$ 18,00) no evento.
Quem quisesse uma primeira edição do volume 1, Largo Winch - L'Héritier,
teria que desembolsar 100 euros (o equivalente a R$ 300,00).
Outras raridades disponíveis eram os álbuns originais, primeiras edições,
publicados nas décadas de 1930 e 1940, como os Charutos do Faraó
e O Lótus Azul, custando entre 1 mil e 1.300 euros. Estes álbuns
estavam devidamente embalados e um aviso em francês pedia aos interessados
(e curiosos) que não tocassem nos mesmos.
A maior parte do material era de álbuns em capa dura. Apenas os mais antigos
da década de 1970 de algumas editoras podiam ser encontrados em capa cartonada.
Francês é a língua dominante dos livros, com 10 a 15% em alemão, e pouquíssimas
obras em inglês.
Com paciência, era possível achar material de fora do eixo franco-belga,
como livros do Manara (seu álbum Memories, uma edição em capa
dura que pode ser encontrada em São Paulo, nas lojas especializadas, com
um preço girando em torno dos R$ 150,00, estava em promoção por apenas 3 euros),
Serpieri, Pellejero, Prado e outros famosos.
Havia farta oferta de material do Hugo Pratt, desde Ernie Pike
e Jesuit Joe até Corto Maltese em várias versões.
Entre as pechinchas era possível comprar, além do Memories mencionado
acima, biografias em álbuns gigantes de capa dura, de Goscinny e Uderzo,
por 10 euros cada; ou até os Hergés Archives, que reimprimem
na íntegra os primeiros trabalhos de Hergé (Totor, Tintim e Quick
et Flupke) com mais de 400 páginas, também encadernados em capa dura,
por apenas 16 euros o volume.
Outra especialidades para colecionadores eram litografias autografadas
e numeradas dos mais variados autores, desenhos originais, álbuns com
ex-libris feito à mão pelo artista original e também livros autografados.
A organização anunciou uma lista de convidados especiais de mais de 50
artistas, e a maioria deles passou pelo evento no sábado, dia 22.
O festival começou a lotar por volta das 11h e o público foi bem variado,
incluindo famílias inteiras, mulheres de várias idades, crianças e, é
claro, os marmanjos.
O Festival de Contern tem uma programação com workshops
de quadrinhos e, para as crianças, exibição de desenhos e outras atividades.
Curioso mesmo foi encontrar um alemão, Michael Albrecht, de Dusseldorf,
vendendo artes originais de quadrinhos americanos, incluindo material
do brasileiro Joe Bennett.
É importante ressaltar que este evento tem todo o apoio não só da prefeitura
da cidade, mas de outras instituições ligadas à literatura infantil e
aos quadrinhos, e também ao turismo.
O semanário Le Jeudi, em francês, que vem encartado nos jornais
locais de Luxemburgo (a saber: Le Quotidien, em Francês, e Tageblatt,
em alemão) publicou um suplemento especial apenas sobre o festival, com
entrevistas com o desenhista e escritor Philippe Foerster e com Jean Auquier,
diretor do Centro Belga de Quadrinhos (Centre
Belge de la Bande Dessinée).
Para finalizar, o cartaz do próximo evento, o 14º Festival Internacional
de la Bande Dessinée à Contern, que será realizado entre 21 e
22 de julho de 2007, já estava disponível e afixado pela cidade.