Festival Internacional de Quadrinhos corre sério risco de não acontecer
Péssima
notícia para os fãs da arte seqüencial no Brasil: o Festival Internacional
de Quadrinhos de Belo Horizonte está correndo um sério risco de não
ter sua quarta edição realizada este ano. A informação é do Quadrinho.com,
site parceiro do Universo HQ.
O evento estava inicialmente programado para acontecer de 5 a 9 de outubro,
mas a 45 dias da abertura, a informação da assessoria de imprensa da Fundação
Municipal de Cultura - FMC é que ainda está em "fase de captação",
ou seja, em busca de patrocínio. O organizador e curador do FIQ,
Roberto Ribeiro, da editora Casa 21, disse ter ouvido de um representante
da FMC que "não há mais possibilidades de se conseguir esse patrocínio".
Agora, a única chance de o evento ocorrer está nas mãos do prefeito de
Belo Horizonte Fernando Pimentel.
"Comuniquei ao Sr. Liboreiro (da FMC) que nossos prazos esgotaram-se
e que a Casa 21 aguardaria até quarta-feira, dia 24 de agosto,
para uma decisão sobre o futuro do IV FIQ", ressaltou Ribeiro.
"Manifestamos nosso descontentamento com o andamento da situação, expusemos
a gravidade de um processo de ruptura no evento e destacamos as questões
éticas e morais relacionadas ao atraso deste processo decisório. Sublinhei
que um comunicado de adiamento ou anulação a apenas um mês e meio de sua
realização, traria, sem dúvida, conseqüências negativas para os organizadores."
Para esta edição já estavam confirmadas as vindas do roteirista de Mágico
Vento Gianfranco Manfredi (sua exposição inclusive já chegou) e Marina
Pazienza (com uma mostra inédita de obras de Andrea Pazienza), ambos da
Itália. Da França viriam Frédéric Boilet e Christophe Blain (que já cancelou
em função dessa indecisão); dos Estados Unidos, Gary Panter (também pode
desistir se não receber uma confirmação rápida) e Signe Baumane (cinema
de animação); da Austrália Eddie Campbell (também prestes a recusar o
convite); e da Espanha Luis Duran. Isso sem contar o homenageado Lourenço
Mutarelli e diversos autores brasileiros.
Se o cancelamento do IV FIQ realmente se concretizar, representará
um perda gigantesca para o mercado nacional de quadrinhos. Trata-se do
maior evento do gênero no País e na América Latina, e sua interrupção
certamente causaria um prejuízo difícil de ser recuperado para essa forma
de arte tão maltratada.
Desde que passou a ser realizado, o evento trouxe ao País autores internacionais
de renome nos mais variados gêneros, como Miguelanxo
Prado, Lorenzo
Mattotti, Jorge
Zentner, Jacques Loustal, David
Lloyd, Kile
Baker, Sergio
Toppi e outros.
Isso sem contar as várias exposições nacionais e estrangeiras.
O festival também já se tornou um ponto de encontro de profissionais e
fãs de todos os estados do Brasil, que aproveitam para mostrar seus trabalhos
no evento. Em 2003, por exemplo, serviu de vitrine para o lançamento das
então desconhecidas Mosh!
(do Rio de Janeiro) e Quase
(do Espírito Santo).
A última edição do evento, além de ter faturado dois troféus HQ Mix
(Melhor evento e Melhor exposição: Mozart Couto) levou mais
de 25 mil pessoas à Casa do Conde de Santa Marinha - espaço cultural
de eventos da capital mineira.
O mais estranho nessa situação toda é que, no dia 21 de agosto, durante
o Salão do Livro & Encontro de Literatura, foi distribuído aos
presentes um panfleto confirmando a realização do FIQ para a data
prevista. O convite trazia até o cartaz, assinado por Lourenço Mutarelli
e anunciava exposições nacionais, internacionais, oficinas e a Maratona
de Quadrinhos. O detalhe é que Roberto Ribeiro nem sequer foi avisado
sobre essa peça gráfica, que trazia o timbre da Fundação Municipal
de Cultura.
O Quadrinho.com repercutiu esse triste cenário com algumas pessoas
ligadas ao mercado de quadrinhos em Belo Horizonte. Para conferir as entrevistas
na íntegra, clique sobre os nomes: Roberto
Ribeiro, Amauri
de Paula (Fundação Nação HQ, Cristiano
Seixas (Casa dos Quadrinhos), Piero
Bagnariol (Graffiti 76%) e Bruno
Vaz (Clube do Animê e Mangá).
Agora, o anseio de todos os fãs de quadrinhos do Brasil é que essa situação
seja solucionada sem a desastrosa notícia do fim do festival.