Flash Gordon - Saviour of the Universe Edition tem ilustrações de Alex Ross
O
quadrinhista Alex Ross empregou sua arte realista nas ilustrações do DVD
Flash Gordon - Saviour of the Universe Edition, que será lançado
nos Estados Unidos no próximo dia 7 de agosto.
Com seu visual retrô e figurino para lá de brega, o filme foi lançado
em 1980 e hoje é um clássico que se tornou objeto de adoração entre cinéfilos
de todo o mundo, apesar de muita gente ainda torcer o nariz para essa
produção.
Nos Estados Unidos, há convenções anuais em que os fãs (antigos e novos)
trocam as mesmas idéias e informações, além de prestarem reverência aos
atores que não deixam de comparecer às homenagens.
No Brasil, o longa-metragem só estreou em 1981, dando início a uma "flashmania"
como nunca se vira em outros tempos. Álbuns de figurinhas, brinquedos,
chicletes, pirulitos, sorvetes, camisetas estampando o inconfundível nome
em vermelho, máquinas de fliperama e republicações de quadrinhos clássicos
do personagem invadiram o mercado.
Tudo em torno de uma produção que conseguia ser, ao mesmo tempo, ridícula
e fantástica, cujo orçamento atingiu a impressionante marca - para a época
- de 35 milhões de dólares.
O ator Sams Jones, cuja primeira aparição na mídia havia sido anos antes,
em uma revista pornô gay, serviu como uma luva para o papel do aventureiro
intergaláctico. Mas as beldades Melody Anderson, fazendo o papel de Dale
Arden, e Ornella Muti, interpretando a Princesa Aura, deram o toque de
sensualidade que apimentou a trama simples, mas eficaz, de Flash Gordon,
que inclui muita ação, alianças rebeldes, batalhas no céu, conspirações,
romance e, claro, piadinhas infames. Tudo emoldurado por efeitos especiais
de fazer rir e cenários que mais parecem painéis pintados com tinta guache.
Mas por que o filme se tornou assim tão atraente, a ponto de ser considerado
um cult movie? Em primeiro lugar, porque ele é pura diversão. É
engraçado quando quer e até nos momentos em que não pretende ser. Além
disso, é uma das mais fiéis adaptações de um personagem de histórias em
quadrinhos para a tela grande.
Criado em 1934 pelo cartunista Alex Raymond, o herói Flash Gordon se tornou
um sucesso mundial com suas tiras diárias publicadas em centenas de jornais.
Nos anos seguintes, vieram novelas de rádio, seriados para as matinês
de cinema e romances literários.
Em 1980, toda aquela estética que Raymond colocava nos quadrinhos e parecia
ser avançada nos anos 1930, foi conservada em cada detalhe do filme. Trocando
em miúdos, a idéia era recriar toda a atmosfera das tiras e gibis, com
roupas carnavalescas, cores berrantes e futurismo ingênuo (traduzido,
principalmente, nos artefatos tecnológicos risíveis).
Outro motivo para fazer valer a pena assistir ao DVD é a sensacional trilha
sonora, composta e gravada pela banda inglesa Queen no auge do
sucesso. Na abertura do filme, páginas dos quadrinhos do campeão do planeta
Mongo são folheadas em um ritmo alucinante, acompanhadas do petardo musical
Flash's Theme e de um "pegajoso" refrão.
A música, que tocou à exaustão nas rádios naquele ano, faz parte de um
dos melhores discos da turma de Freddie Mercury. Nas 16 faixas, ainda
há trechos do filme, incluindo sons de batalha e falas dos personagens
intercalando as canções.
Dirigir
e adaptar o longa-metragem Flash Gordon para o cinema era um desejo antigo
do cineasta George Lucas, que em 1974 se ofereceu para encabeçar o projeto.
Entretanto, o produtor Dino de Laurentis, então detentor dos direitos
cinematográficos sobre o herói espacial, descartou o jovem diretor. Anos
depois, foi Mike Hodges que dirigiu o filme.
O resto é uma história que pode ser conferida nessa nova incursão do longa-metragem
em DVD, agora com a inclusão de cenas cortadas e muitos extras, além da
indefectível arte de Alex Ross retratando um dos mais divertidos filmes
baseados em quadrinhos.
Uma diversão bastante recomendada para saudosistas.