Fontanarrosa, gênio das HQs argentinas, é enterrado em Rosário
Segundo
informações do jornal Clarín, centenas de fãs e amigos acompanharam
na manhã desta sexta-feira, em Rosário, na Argentina, o enterro do escritor
e cartunista argentino Roberto "El Negro" Fontanarrosa.
Considerado um dos maiores autores dos quadrinhos argentinos, Fontanarrosa
morreu ontem, aos 62 anos, devido à insuficiência respiratória provocada
por uma esclerose lateral amiotrófica, doença neurológica degenerativa
que tinha desde 2003. A enfermidade já paralisara o braço direito do artista,
obrigando-o a parar de desenhar, anúncio feito em janeiro deste ano.
O cortejo fúnebre passou pelo estádio de futebol do time Rosário
Central, uma das maiores paixões do cartunista. O clube homenageou
seu torcedor ilustre abrindo os portões e fazendo uma homenagem em seu
site.
Durante o enterro, não se viram flores. A família pediu que o dinheiro
que seria gasto com coroas seja doado para instituições beneficentes em
nome do artista.
Criador de personagens memoráveis, como o espião Boogie e gaúcho Inidoro
Pereyra, Fontanarrosa é pouco conhecido no Brasil - seu trabalho foi publicado
esparsamente. Uma das edições de maior repercussão foi de Boogie, O
Seboso, que saiu na coleção de álbuns Quadrinhos L±.
Nascido em Rosário, em 1944, também atuou como jornalista e escritor.
Teve três romances publicados: Best Seller, El Area 18 e
La Gansada - de novo, inéditos no Brasil, mas de excelente repercussão
local e também na Espanha.
Na Argentina, país com grande tradição nas artes gráficas, era tido como
um verdadeiro gênio. Seu humor gráfico era referência, principalmente
nas páginas do Clarín, mas circulava também em revistas e álbuns
de muito sucesso. Foi premiado inúmeras vezes e recebeu incontáveis homenagens.
Seu trabalho pode ser apreciado no seu site
oficial.
Mas sua figura também era muito querida: o artista era considerado um
sujeito bonachão, um bom amigo, divertido e de ótimo papo. Raramente ia
a Buenos Aires, mas fazia questão de receber com freqüência os amigos
portenhos em Rosário.
Quem olha para os jornais argentinos hoje, percebe que estão de luto.
Não é por acaso: a Argentina não perdeu apenas um gênio dos quadrinhos.
Perdeu um grande amigo.