HQ nacional vira filme em Alagoas
Cinema,
teatro e quadrinhos. Essas três manifestações culturais estão há muito
tempo presentes em Alagoas e, em épocas áureas, produziram obras de relevância
não apenas local, mas de boa repercussão em outras regiões do Brasil.
No dia 27 de dezembro do ano passado, a inédita união dessas artes em
cenário alagoano foi coroada com a estréia do filme Desalmada e Atrevida,
exibido com sucesso no circuito de cinema de arte e aplaudido pela crítica
especializada.
O curta-metragem de 25 minutos, com roteiro e direção de Pedro Rocha,
foi baseado na série em quadrinhos Xôxo e a Radiola, criada pelo
cartunista Gino - que também ajudou na roteirização do filme - e publicada
no jornal Gazeta de Alagoas na década de 1990.
Produzido pela Boca da Noite Cinema & Vídeo, Desalmada e Atrevida
tem a participação de atores de várias companhias teatrais de Alagoas,
como a Cena Livre, Assimdicacus e Cia. da Meia Noite.
Entre os artistas está Naéliton Santos, ator que já participou de algumas
produções cinematográficas de sucesso em território nacional (como Deus
é brasileiro, protagonizado por Antônio Fagundes e Wagner Moura).
Ele faz o papel do personagem-título da história em quadrinhos.
A HQ Xôxo e a Radiola tinha a periferia de Maceió como cenário.
No bairro de Santo Amaro, o beberrão e conquistador barato Xôxo, um pedreiro
magrelo fanático por música brega, passava por muitas situações engraçadas,
mas que não escondiam as vicissitudes de sua vida de desafortunado e pobretão.
Na
adaptação para o cinema, Xôxo é chamado de Ademir. Desiludido no amor
e triste porque roubaram seu toca-discos (radiola), tudo muda para ele
quando conhece Carminha, uma garçonete de boate, com quem se casa. A traição,
porém, não tarda a lhe bater à porta.
Comédia regional salpicada de drama, Desalmada e Atrevida também
foi escolhida para integrar a terceira edição de outra iniciativa cultural
que tem rendido elogios em Alagoas: o Projeto Acenda Uma Vela,
no qual filmes são exibidos em velas de jangadas e leva o cinema brasileiro
gratuitamente a todas as cidades litorâneas do estado, incluindo a capital.
Ponto para o cinema alagoano, que respira um pouco além dos documentários
e sorri para a ficção. Ponto, também, para os quadrinhos, que mais uma
vez ajudaram um produto de outra mídia a se destacar.