HQ traz histórias de filhos dos desaparecidos na ditadura argentina
A menina comunista e o menino guerrilheiro (formato 29 x 21 cm, 148 páginas) é um lançamento da Editora Quadriculando e está em pré-venda na plataforma Catarse com 30% de desconto.
Essa HQ publicada na argentina pela artista María Giuffra compila, além de sua própria, dez histórias de infância sob a ditadura narradas por crianças filhas dos desaparecidos. Foi publicada originalmente pela Historieteca Editorial com o apoio do Fundo Nacional das Artes.
O livro foi construído a partir de entrevistas abertas, sem gravações, que foram materializadas com desenho livre. Giuffra viajou pelo país e tomou notas dos testemunhos, em uma busca que não foi jornalística, mas crua e emocional.
O pai da artista plástica María Giuffra desapareceu em 1977, quando ela tinha apenas seis meses de idade. Como adulta, como parte do grupo HIJOS, Giuffra só conseguiu descobrir o destino de seu pai graças ao trabalho da Equipe de Antropologia Forense.
Ao longo de sua vida e de sua profissão como artista socialmente comprometida, colegas e amigos sempre a encorajaram a contar essa história: a história do desaparecimento de seu pai, de sua fuga com sua mãe e de sua primeira infância no exílio no Brasil, de seu retorno à Argentina aos oito anos de idade, e de seu encontro com a pintura e o desenho como catalisador de uma infância difícil.
Ela dedicou grande parte de seu trabalho a lidar com o tema da memória, da infância, do exílio e das consequências da ditadura, por meio da vida dos outros.
"Eu queria fazer isso assim. Sim, para falar de minha história, mas também através do coletivo, porque acredito que minha própria história nasce no coletivo. Parece-me que a maneira de entendê-la e para que outros a entendam é saber que minha história não é algo que aconteceu com uma pessoa, nem mesmo com uma geração, mas que faz parte de um momento histórico que afetou toda a sociedade argentina, mesmo as pessoas que pensam que não as afetou", diz a autora.
Nesse momento, a artista roda a Argentina colhendo testemunhos para o segundo volume da obra.