Lanterna Verde decepciona em sua estreia no cinema
Impossível precisar se as frustrações dos fãs das HQs do Lanterna Verde começaram no lançamento do primeiro teaser do filme, repletos de efeitos especiais ruins e bregas, ou ainda antes, quando anunciaram o elenco encabeçado por Ryan Reynolds, ator mais conhecido por ter sido marido de Scarlett Johansson do que por suas atuações memoráveis - ou mesmo expressivas.
Mas a esperança não morre nunca para todo fã que se preza. Nem mesmo quando os trailers duvidosos foram se acumulando, ou ainda quando a distribuidora brasileira atrasou o lançamento do longa-metragem no Brasil, um sinal que geralmente acompanha produções medíocres.
Esse delay permitiu ainda que os fãs tomassem conhecimento das resenhas ruins que a maioria da crítica norte-americana teceu para o filme, aglutinadas em sites como o Rotten Tomatoes.
Só que expectativas são a alma de negócio cinematográfico. Muitas vezes, esperar muito de um filme mediano o torna fraco aos olhos de quem tanto queria vê-lo. O contrário também funciona: querer pouco de uma obra que entrega mais do que o esperado faz ela crescer no conceito do espectador.
A solução, então, foi manter a mais baixa das expectativas para ver Lanterna Verde.
E a grande verdade é que os efeitos especiais são razoáveis e as atuações não comprometem (nem a de Reynolds!). E Martin Campbell tem até alguns (poucos) bons momentos na direção.
Dessa forma, não deixa de ser bacana ver personagens carismáticos do Universo DC em "carne e osso digital", especialmente Kilowog, Sinestro e Tomar Re.
A história do filme nem é tão ruim, apesar de o vilão, a entidade Parallax, ser absolutamente mequetrefe. Na trama, ao tentar conter o inimigo, que escapa de uma "prisão" na qual estava havia muito tempo, o Lanterna Verde Abin Sur é mortalmente ferido e, em seu último suspiro, nomeia o impetuoso Hal Jordan para assumir o anel energético.
Mas, antes de combater as adversidades que se abatem sobre a Terra, Jordan precisará ser treinado pela Tropa dos Lanternas Verdes, que está envolvida num grande confronto com o vilão cósmico.
O que é realmente ruim em Lanterna Verde é o roteiro de Greg Berlanti e Michael Green, uma verdadeira colagem de ideias de outros filmes de super-heróis, repleto de buracos e fraco em dar soluções para as relações entre os personagens. Até mesmo a trilha sonora busca inspiração na clássica do Superman, de 1978.
A história é tão mal contada em certos momentos que, quando a plateia começa a tentar conectar as ideias que está vendo na telona com o desenrolar do filme, acaba torcendo para que a projeção acabe logo. Falta ritmo, ação e conexão entre as cenas.
Outro problema são os vilões. O "terror cósmico" Parallax, cujo poder é de incutir medo, chega a ser ridículo. Tanto suas intenções quando o seu visual (aqui, sim, os efeitos especiais deixam a desejar) são, para dizer pouco, tristes. Muitos monstros de filmes B são dignos de superproduções se comparados a ele. E o outro inimigo da película, Hector Hammond, infelizmente, não acrescenta muito.
Uma pena que, em sua estreia na tela grande, o Lanterna Verde, mesmo com a tentativa de se estabelecer uma certa lógica com vários elementos dos quadrinhos, tenha estrelado um filme tão enfadonho. É verdade que é superior a bombas como Mulher-Gato, Elektra e Demolidor, mas isso é pouco para um personagem tão bacana. Uma pena.