Mais quadrinhos Disney cancelados na Europa
Os
cancelamentos
de quadrinhosDisney que vêm atingindo vários países chegaram
à Itália e tiraram de circulação o gibi mensal do Tio Patinhas.
Zio Paperone # 216, lançado neste mês, foi o derradeiro suspiro
de um título publicado há mais de 20 anos e para o qual foram produzidas
centenas de histórias do pato mais rico do mundo, muitas delas traduzidas
para outros países, incluindo o Brasil.
Na última página da edição, os editores divulgaram uma carta de despedida
e agradecimento aos leitores que acompanharam as aventuras do Tio Patinhas
durante todos esses anos. A partir de agora, o personagem deverá aparecer
com menos freqüência, buscando espaço nas outras publicações da turma
de Patópolis.
As baixas vendas da revista motivaram o cancelamento. O fato preocupa
os leitores porque a "Velha Bota", além de um dos raros países
em que continuam a ser produzidas histórias inéditas dos personagens tradicionais
da Disney, é onde eles ainda gozam de considerável popularidade.
Pelo
menos, era o que se imaginava. Nesta década, a Disney Itália fez
muitas apostas ousadas, como a repaginação visual e conceitual do Mickey
e as versões em estilo mangá de outras criações clássicas, a fim de angariar
novos fãs. Essas e outras iniciativas, como as séries próprias Witch,
Kylion
e Monster Allergy, feitas para o público infanto-juvenil e
alheias ao universo tradicional disneyano, têm ganhado cada vez
mais espaço na preferência dos novos leitores italianos.
Ainda é cedo para afirmar que Donald, Tio Patinhas, Pateta, Mickey e demais
personagens clássicos cairão de vez no limbo, preteridos por criações
contemporâneas da Disney - incluindo as egressas dos desenhos animados
3D. Mas o número de cancelamentos de suas revistas vem acontecendo em
um ritmo muito maior do que se imagina.
Em Portugal e em quase toda a América Latina, outrora contumazes mercados
consumidores dessa turma, os personagens já não são mais publicados.
E os exemplos continuam. Por muito tempo populares no Egito e em outros
países do Oriente Médio, os gibis Disney retornaram àquela região
em 2005, após dois anos fora de circulação. Mais de dez títulos foram
lançados na época, dos quais apenas quatro conseguiram sobreviver aos
novos cancelamentos (um deles, para o público feminino, mostra somente
as aventuras de Branca de Neve, Aurora, Bela e outras - as Princesas,
que vêm fazendo sucesso no mercado de licenciamento ao redor do mundo).
Quando
a esses fatos são somados exemplos como o fim da produção
brasileira - que já foi uma das mais prolíficas do planeta -, as sucessivas
descontinuações desses gibis no Brasil e a publicação minguada nos Estados
Unidos (dois únicos títulos regulares sobraram da última leva de cancelamentos)
o resultado é desanimador.
Por outro lado, visando os leitores veteranos - mais fiéis e suscetíveis
a apelos saudosistas -, as editoras das HQs Disney na Europa, Estados
Unidos e Brasil continuam investindo em edições e coleções especiais com
republicações de materiais clássicos, principalmente os que levam a assinatura
do quadrinhista Carl Barks.
É uma aposta que costuma alcançar vendas satisfatórias e permite manter
vivos na memória os personagens que ajudaram a construir a rica história
dos quadrinhos Disney no mundo.
Resta saber até quando o seleto público da velha guarda continuará ativo
para ajudar na preservação dessa fauna antropomorfizada quase à beira
da extinção.