Segundo o jornal Le Parisien, Sylvie Uderzo, filha do desenhista Albert Uderzo, atualmente com 54 anos, deu queixa na polícia, em 16 de fevereiro, no departamento responsável pela investigação de crimes econômicos (BRDE - Brigade de la répression de la délinquance économique) contra X, por "exploração de fraqueza".

O X em questão não é uma pessoa em particular, mas diversos indivíduos que
nos últimos anos se tornaram íntimos de seus pais e, segundo Sylvie, têm abusado
do fato de que Uderzo sofreu uma leucemia, passou por uma complicada batalha
jurídica contra a editora Dargaud,
e que ambos estão fragilizados pela idade — Albert e Ada Uderzo tem
respectivamente 84 anos e 78 anos.

Sylvie Uderzo, que está sendo representada pelo advogado Thibault de Montbrial,
declarou que todos os amigos íntimos de seu pai estão mortos, incluindo René
Goscinny, seu companheiro na criação de Asterix.

Aos poucos, novas pessoas ganharam a confiança de seu pai. Como exemplo, Sylvie
cita o encanador originalmente responsável pela reforma de sua casa de campo,
e que acabou ficando encarregado de encontrar uma nova mansão e de sua decoração
faraônica. Ele chegou até mesmo a comprar um avião Mirage III, que está guardado
num hangar; o advogado de confiança da família, que foi substituído
por um outro homem, que Sylvie descobriu estar sendo investigado por fraudes;
e alguns responsáveis da editora Albert René, com muita influência
sobre Albert Uderzo, e que o isolaram de outros contatos.

Numa entrevista ao Le Parisien, Sylvie Uderzo declarou que
foi uma decisão dolorosa, mas que ela deseja que a justiça estabeleça que
seus pais foram vítimas de golpistas que saquearam e destruíram sua família.
Com esta prova, Sylvie espera que seus pais a vejam com outros olhos. Segundo
ela, os seus pais já são idosos e o tempo passa muito depressa.
Por isso, deseja o amor deles enquanto ainda estão vivos.

Albert Uderzo rejeita essas acusações e diz que está sendo perseguido judicialmente
por sua filha e seu filho.

Sylvie Uderzo trabalhou durante 20 anos na editora Albert Rene,
chegando mesmo a ter o cargo de diretora, até ser demitida sumariamente em
2007, por má administração. Ela atribui a culpa ao círculo litigioso ao redor
de seu pai, pela brutalidade destes eventos. Em 2009, o tribunal de direitos
trabalhistas da França se
declarou favorável a Sylvie Uderzo nessa questão.

Há pouco tempo, ela vendeu o restante dos 40% dos direitos que possuía
sobre Asterix para a Hachette Livre, grupo que agora
controla todos os direitos sobre os 33 álbuns administrados pela família Uderzo.
O grupo Hachette já havia
adquirido os 20% pertencentes Anne, a filha de Renée Goscinny, e os 40% de
Albert Uderzo.

Recentemente, Uderzo anunciou que a série Asterix terá continuidade após sua aposentadoria, o que contradiz o que ele havia afirmado diversas vezes em entrevistas anteriores, que as aventuras do gaulês chegariam ao seu final.