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Marcatti e sua paixão por guitarras, blues e quadrinhos

21 maio 2007

MarcattiFrancisco
A. Marcatti Jr., ou simplesmente Marcatti,
é um dos mais conhecidos e atuantes artistas do cenário alternativo brasileiro.
Casado, pai de quatro filhos e tendo produzido até hoje cerca de 1.300
páginas de quadrinhos, ele completa em agosto 30 anos de uma carreira
repleta de humor e escatologia.

Seu mais recente trabalho, A
Relíquia
, adaptação da obra literária do português Eça de Queiroz
publicada pela Conrad,
é mais uma prova que sua produção não deve parar tão cedo.

Mas o que poucos sabem é que Marcatti também atua como um outro tipo de
artista: ele é luthier, um profissional que trabalha na construção
e conserto de instrumentos de corda como guitarras e violões. No Brasil,
o termo é usado de modo genérico para definir o construtor de qualquer
tipo de instrumento, seja ele de corda, sopro ou percussão.

Numa entrevista exclusiva ao Universo HQ, Marcatti fala desse trabalho,
da paixão pelo blues e, claro, de quadrinhos.

Universo HQ: Como e quando você começou a se interessar por guitarras?
E como isso o levou a trabalhar como luthier?

Marcatti: Eu tinha uma guitarra nacional (marca Finch,
modelo imitação Fender Telecaster) e vivia fuçando nela. Instalei
captadores novos, reentrastei, instalei uma alavanca de tremolo... De
tanto remexer, fui percebendo que não deveria ser tão difícil fazer uma.

Então, tirei as medidas dela e de guitarras de amigos e, em 1990, fui
até a rua do Gasômetro (no bairro paulistano do Brás) comprar um pequeno
lote de madeiras. Ferramentas, eu tinha umas bem modestas: uma furadeira
e uma serra tico-tico.

A primeira ficou muito ruim, mas valeu porque o fato chamou a atenção
de amigos que foram me dando revistas, livros e documentos com detalhes
e informações técnicas. A partir daí, a segunda já ficou melhor e bem
afinada. Passados alguns meses, adquiri experiência suficiente para pegar
pequenos trabalhos de manutenção de guitarras.

E foi justamente numa época em que eu estava muito mal financeiramente
que essa atividade rendeu uns bons trocados. A partir de 1993, comecei
a fazer instrumentos por encomenda. Em 1997, já estava com vários trabalhos
de produção gráfica e me afastei dessa área. Mas, em 2002, meu filho mais
velho tocava em uma banda de New Metal e queria uma guitarra de sete cordas.

Arte de Marcatti
Decidimos fazer uma especialmente desenhada para o tipo de afinação e
espessura de cordas que ele usa. Desde então, retomei esse prazer. E,
nos últimos meses, decidi aerografar meus desenhos nos instrumentos vinculando
esse meu lado artesão ao universo dos quadrinhos
.

UHQ: Qual o seu envolvimento no ramo musical? Quais seus estilos e
artistas preferidos?

Marcatti: Sou fanático pelo blues mais rústico. De Robert
Johnson até Mudy Waters. Toquei em dois grupos formados para tocar exclusivamente
o velho
blues.

Tinha que ser assim, afinal, não sei tocar nada além disso! O primeiro
se chamava Cachorro Magro. Tinha uma sonoridade mais voltada ao
blues de Chicago e passou por várias formações, mas sempre incluiu
a Tata, minha mulher, ao piano.

O segundo, foi um trio inspirado no blues mais clássico. Herbert
Perez e eu nas guitarras e Marcelo Velehov nos vocais e violão. Em breve,
colocarei no meu site algumas das músicas do trio Easy Blues
.

UHQ: Como você concilia o seu trabalho com quadrinhos e a criação de
guitarras personalizadas?

Marcatti: Não tenho uma disciplina definida... Mas tem muitas
etapas de descanso na produção de um instrumento. Colagens, secagens de
verniz. Em alguns estágios, o instrumento fica em espera por até dez dias
.

UHQ: Falando agora sobre sua produção quadrinhística: o que os leitores
podem esperar de A Relíquia? E como se deu o processo de adaptação
da obra?

Marcatti: A forma que utilizei para adaptar a história para
os quadrinhos foi recontá-la como se a idéia original fosse minha. No
primeiro momento, fiz um resumo muito pequeno (como uma resenha) e depois
reescrevi, na forma de roteiro, baseado apenas nas lembranças do que havia
lido.

Arte de Marcatti
Só então fui repassar o roteiro comparando com o livro original para enriquecer
com os detalhes de personagens e locais. Para quem lê, fica a impressão
de que o Eça de Queiroz me contou a história antes de escrever o livro
e roubei a idéia dele. Só que sem escatologia!

UHQ: Algum novo trabalho já planejado, seja com quadrinhos ou como
luthier?

Marcatti: Estou trabalhando em um roteiro ainda sem nome, mas
já posso adiantar que a história terá perto de 150 páginas. Com relação
às guitarras, tenho dois projetos em andamento. Uma quase pronta, e outra
está na fase de construção estrutural.

No meu
site
, dá para acompanhar os estágios de desenvolvimento desses projetos.
Além disso, estou fazendo, a pedido de um cliente, uma reforma completa
em uma guitarra nacional muito antiga e rara
.

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