Mark Waid dá detalhes de Superman: Birthright
O escritor Mark Waid nunca escondeu sua admiração pelo Super-Homem, que começou ao ver o filme do herói. Durante toda sua carreira quis escrever histórias para o personagem, mas o mais próximo que conseguiu foi a minissérie O Reino do Amanhã, ao lado de Alex Ross.
Ele chegou a apresentar alguns projetos para a DC Comics, sendo que um deles seria em conjunto com Grant Morrison, Mark Millar e Tom Peyer. Mas todos foram recusados pela editora.
Agora, finalmente, Waid terá sua grande chance. A DC o encarregou de Superman: Birthright, uma minissérie em 12 partes que recontará o início de carreira do Homem de Aço. O primeiro número chega às comic shops americanas em julho, e a arte ficou por conta de Leinil Francis Yu.
O autor revelou mais detalhes do projeto. "Quero fazer esse tipo de história desde 26 de janeiro de 1979. Esse foi o dia em que vi Superman: The Movie - duas vezes - e me apaixonei pelo personagem e seu mundo", admitiu.
"O pedido original da DC era para dar aos leitores um Ultimate Superman", revelou, fazendo menção aos títulos da linha Ultimate Marvel, onde os heróis da "Casa das Idéias" foram reformulados. "Pouco depois pediram para não nos referirmos à minissérie dessa maneira em respeito aos grandes criadores que fazem os títulos mensais. Mas isso não muda a missão: redefinir o Super-Homem para o século XXI e fazer uma série que qualquer pessoa do mundo pudesse pegar pra ler".
Apesar do pedido ter sido para apresentar um Ultimate Superman, a liberdade criativa de Mark Waid não será total, já que ele ainda terá que se prender à cronologia atual do Último Filho de Krypton, ao contrário do que aconteceu com o Homem-Aranha, X-Men e Vingadores. Mesmo assim, haverá mudanças.
E será uma versão que vai a de encontro às idéias de Waid sobre o Super-Homem. "Certamente tudo, absolutamente tudo que gosto no personagem estará na minissérie. É uma visão minha e de Leinil Yu sobre quem é o Super-Homem do século XXI. Nada de Supergirl, nada de supercão, nada de cidades engarrafadas. Apenas um homem tentando fazer algo de certo no mundo", disse.
"O personagem sempre teve que viver sob opiniões de fãs e leitores de que ele é 'infalível', 'muito perfeito'. Um herói com o qual nós 'não conseguimos nos relacionar'. Esquecendo por um momento de que não deveríamos nos identificar com o Super-Homem, mas sim com Clark Kent, em Birthright o Homem de Aço será, eu acho, mais 'humano' do que nunca, porque será a sua busca por uma identidade. Como todos nós, ele está procurando uma direção. Ele possui habilidades e crenças, com desejo de encontrar desesperadamente alguma maneira de como utilizá-los", descreveu Waid.
"No caso dele é difícil, já que durante seus primeiros 25 anos de vida teve que manter seus poderes em segredo por medo de ser tachado como anormal e ter a família Kent inteira arrastada pelo governo americana para ser interrogada", prosseguiu. "Birthright mostrará Kal-El estabelecendo duas novas identidades para si mesmo: o papel de Super-Homem e a persona do que eu chamo 'Clark de Metrópolis', o qual é muito diferente do Clark de Smallville".
Uma das novidades no mito será uma viagem que ele fará à África. Na minissérie O Homem de Aço, de John Byrne, foi dito que Clark passou algum tempo viajando ao redor do mundo, mas isso nunca chegou a ser mostrado. Na primeira edição de Birthright, o veremos na África. "É um momento importante, ajuda a estabelecer Kal-El como um cidadão do mundo. Depois, o que ele viverá por lá - sua última experiência importante antes de se tornar Super-Homem - traz fortes elementos sobre sua decisão de operar como o Super-Homem atua, além de estabelecer Clark como um jornalista e não apenas um digitador para o Planeta Diário".
A maneira como as pessoas o verão também será abordada com mais detalhes. "Ele não ganhará a confiança das pessoas automaticamente. Um homem que possuiu Visão de Raios-X, Super Audição e não responde a ninguém precisa ganhar e merecer a confiança das pessoas".
Outros personagens marcarão presença, como Jimmy Olsen, Perry White e, claro, Lois Lane. E mais uma mudança será importante: Clark conhecerá Lex Luthor ainda quando garoto. "Vamos ver o encontro dos dois e a amizade deles, e porque Luthor apagou completamente suas recordações sobre aqueles dias em Smallville", prosseguiu. "Eu e Leinil queremos dar a impressão de que qualquer coisa pode acontecer nessa série, apesar de tudo o que já foi feito em outras revistas".
Por falar em Leinil Francis Yu, Waid se diz um grande admirador de seu trabalho. "A primeira vez que vi os desenhos dele foi na segunda ou terceira edição que fez para Wolverine, anos atrás. No exato dia em que vi aquele trabalho, liguei para ele no escritório da Marvel e disse que gostaria de trabalhar com ele em qualquer lugar, qualquer hora", elogiou.
"Escolhemos ele não só por causa do talento, mas porque seu trabalho passa energia e, o mais importante, apresenta um Super-Homem que ninguém nunca viu antes. E está se saindo muito bem".
Mark Waid também garante que o que será apresentado agora é diferente da proposta feita com Morrison, Millar e Peyer no passado. "Não se parece em nada com aquilo. Os tempos mudam, as pessoas mudam, a necessidade por um Super-Homem mudou na nossa sociedade. Minha visão pessoal sobre o que faz um super-herói mudou radicalmente", garante.