Menina Infinito, de Fábio Lyra, chega às livrarias
Mais
um bom quadrinho nacional ganha as prateleiras das livrarias a partir
desta semana. Trata-se de Menina Infinito (formato 21 x 28 cm,
120 páginas em preto-e-branco, R$ 39,90), de Fábio Lyra, que chega ao
mercado numa edição caprichada da Desiderata, agora um selo da
Editora Agir, do grupo Ediouro.
Apesar do nome pomposo, a personagem principal não tem absolutamente nada
de super-heroína. Muito pelo contrário. Mônica, a garota que dá título
ao álbum, é comum, encana com facilidade, é gordinha, aparece sentada
no vaso sanitário, curte cinema (desde que não seja nada "cabeça") e bandas
de rock alternativo e algumas mainstream, odeia micaretas, é fã
de Amélie Poulain e coleciona discos de vinil.
A Menina Infinito começou a se destacar nas páginas da extinta revista
independente Mosh!. Foi quando o talento de Fábio Lyra começou
a chamar a atenção. Suas HQs seguem a linha de obras que lidam com gente
comum, como Daniel Clowes (de quem o autor é fã), dos irmãos Hernandez
(Love & Rockets) e Terry Moore (Estranhos no Paraíso). E
agradam.
Este álbum abre com uma criativa apresentação da personagem, para quem
nunca leu nada dela, e depois apresenta três histórias: a primeira sem
nome, a respeito de um "acerto de contas" com um maluco que aprontou algumas
besteiras com Mônica e agora virou "da paz"; Meu sonho com Moz,
na qual a protagonista conhece um cara numa noite e termina dividindo
a cama com ele, e Por que Pedro não mora mais com a Mônica?, sobre
como ela saiu do apartamento que dividia com seu melhor amigo.
No release do álbum consta que Mônica é típica garota dos anos
00. E é mesmo. Fábio Lyra foi muito feliz ao situar as histórias nos dias
que correm. Há menções ao Capitão Nascimento, de Tropa de Elite,
fotologs, zoeiras com a banda Los Hermanos etc., o que torna a
leitura bastante agradável.
Neste ano, a Desiderata já publicou Malvados,
O
Cabeleira e, agora, Menina Infinito. Esses materiais, junto
com Irmãos
Grimm em Quadrinhos, A
boa sorte de Solano Dominguez, Caraíba, Mais
preto no branco, e O
livro negro de André Dahmer, todos lançados em 2007, mostram que,
se a incorporação à Ediouro não mudar nada do projeto original,
a editora tem tudo para construir um dos mais interessantes, diversificados
e rentáveis catálogos de HQs brasileiras do mercado.