Minissérie Spider-Man: Reign continua causando controvérsias
Atenção leitor, este artigo fala de uma história que é inédita
no Brasil, e que ainda não chegou ao final nos Estados Unidos, e, portanto,
pode estragar o prazer de sua leitura no futuro.
Tudo
começou com muita
especulação ao redor de uma imagem do Homem-Aranha agarrado à lápide
do túmulo de Mary Jane Watson, algumas semanas antes do início da publicação
da minissérie Spider-Man: Reign.
Posteriormente, o editor-chefe da Marvel,
Joe
Quesada, revelou que se tratava da capa da minissérie.
Spider-Man: Reign, minissérie de quatro partes do selo Marvel
Knights, foi escrita e desenhada por Kaare Andrews e mostra o
Homem-Aranha e outros personagens 35 anos mais velhos, numa história que
tem diversas semelhanças, inclusive na arte, com o Cavaleiro das Trevas,
de Frank Miller.
Quando o primeiro número foi lançado, em dezembro de 2006, provocou uma
polêmica em função de um quadro que mostrava Peter
Parker nu, sentado em sua cama, com o pênis exposto.
A
Marvel, no mesmo dia em que a revista foi distribuída,
emitiu um comunicado se desculpando com os lojistas em virtude da cena,
que poderia ser considerada por alguns leitores como inapropriada, e informando
que, em função disto, os lojistas poderiam devolver a edição, substituindo-a
pela segunda impressão, na qual a cena estaria retocada (sem o pênis visível).
A nova polêmica gira em torno de uma revelação da terceira parte da história,
na qual se revela que Mary Jane morreu de câncer envenenada pela radiação
dos fluídos corporais de Peter Parker. Ou seja, foi o esperma do Homem-Aranha
que matou a personagem.
Não. Você não leu errado, e não se trata de uma sátira ou gozação.
O fato é revelado numa cena com o Homem-Aranha, sofrendo de delírios,
se confessa com o cadáver recém-desenterrado de Mary Jane, retratada como
uma espécie de zumbi, que tenta beijá-lo.
O episódio poderia até fazer parte da extinta linha de
quadrinhos da revista Penthouse, que satirizava os super-heróis.
Numa dessas histórias, desenhada por Kevin Maguire (aquele da fase cômica
da Liga da Justiça) uma moça ganhou seus poderes depois salvar o super-herói
praticando sexo oral.
O problema não está no sexo, ou na revelação em si, mas no uso da imagem
do Homem-Aranha. Apesar da revista do personagem ser consumida por leitores
das mais diversas idades (incluindo muitos marmanjos), e do fato da editora
publicar uma linha diversa de produtos para leitores diferentes, é importante
lembrar que o Homem-Aranha aparece ilustrado nos mais diversos produtos
dedicados ao público infanto-juvenil.
Artistas, escritores, críticos, leitores, ou seja, os mais diversos segmentos
da "indústria" dos quadrinhos americanos, tem expressado suas opiniões,
indo da incredulidade à ira, online, em reviews, críticas,
blogs, fóruns e e-mails.
Apenas para se ter uma idéia das opiniões, Lev Grossman, crítico literário
da Time, publica no blog da revista: "...quadrinho mal escrito...";
acusa o material de ser conceitualmente uma cópia do material de Larry
Niven (Man
of Steel, Woman of Kleenex, publicado em All the Myriad Ways,
em 1971); e considera a história ridícula e implausível.
Este incidente e outros publicados pelas Marvel e DC
Comics têm gerado um debate cada vez mais forte sobre a
necessidade de incluir conteúdo sexual nas revistas de super-heróis, teoricamente
destinadas ao público infanto-juvenil.
Graeme McMillan, no site The
Savage Critic(s), escreve: "Em que momento pareceu uma boa
idéia fazer com que o esperma do Homem-Aranha fosse radioativo?". McMillam
continua sua crítica num tom de incredulidade e raiva, e acusa a editora
de banalizar uma história com um potencial forte, usando um truque barato.
Dirk Deppey, crítico do Comic Book Journal também satirizou e
ridicularizou a edição.
Pobre Homem-Aranha!