Morreu José González, o grande desenhista de Vampirella
O
artista espanhol José "Pepe" González, possivelmente o maior desenhista
de Vampirella, morreu no dia 16 de março, aos 70 anos de idade,
em Barcelona, na Espanha. Existem poucos detalhes sobre o falecimento,
que foi divulgado por Ferrán Delgado, por intermédio de Esteban Maroto
(outro importante desenhista espanhol) e o marchand de arte Enrique
Alonso.
Segundo informações de Joe Jusko, González estava muito enfermo e entrou
num coma profundo do qual não despertou antes de ser declarado morto.
Boêmio por natureza, o artista nunca enriqueceu e, apesar de ter tidos
bons momentos do ponto de vista financeiro, também teve períodos de muita
pobreza, além de problemas constantes de saúde.
José "Pepe" González Navarro nasceu em Barcelona, na Espanha, em 1939.
Sua carreira de quadrinhos começou em 1959 quando passou num teste de
Josep Toutain, diretor da agência Selecciones Ilustradas,
criando uma cópia perfeita de uma tira de Cisco Kid, originalmente
desenhada por Luis Salinas.
Numa outra versão desta história, Toutain chama González para trabalhar
na Selecciones Ilustradas depois de ver dois desenhos
do artista numa vitrine de moda.
Seu primeiro trabalho foi Doc Holliday, uma história de faroeste
desenhada para o mercado francês. Mas como uma de suas especialidades
era o desenho de belas mulheres, González trocou o western pelo
romance, ilustrando Rosas Blancas e Brigitte, aos 17
anos, para a Editorial Toray, da Espanha.
Para o mercado inglês, na Fleetway, trabalhou nas revistas
Valentine, Marylin, Roxie e Blue Jeans.
Ele também desenhou a adaptação para os quadrinhos do seriado da TV inglesa
The Avengers (com Patrick Macnee e Diana Rigg), publicado na
Espanha como Los Vengeadores.
Mas sua carreira decolaria em 1969, quando, graças ao seu trabalho
na Selecciones Ilustradas, foi chamado para na Warren
Comics. A primeira participação do artista em Vampirella
foi na edição #12, pela qual González ganhou o prêmio na
Comicon de 1971 de melhor desenhista, com a história
Death's Dark Angel, escrita por Archie Goodwin. A capa desta
edição foi pintada por Manoel Sanjulian, artista espanhol contemporâneo
de González
Na Warren, Gonzalez também ilustrou as revistas Creepy
e Eery. Para Vampirella, González desenhou seis capas
e todas as histórias da personagem até a edição #34, de 1974, quando reduziu
um pouco o volume de sua produção.
Mesma assim, colaborou desenhando histórias para a revista até o número
#82, de 1979. Depois disso, sua contribuição se limitou a pin-ups
e pequenas ilustrações.
O ilustrador voltaria a desenhar HQs de Vampirella em 1982, fazendo as
seis últimas edições, antes da falência da editora. No total, Pepe
González desenhou 58 histórias para a Warren, sendo 53
da Vampirella, entre 1971 e 1983.
A capa de Vampirella #19, uma de suas ilustrações mais famosas,
foi usada em quebra-cabeças, cartazes, calendários, adesivos de parachoque
de carros e até um pôster de porta.
O artista também ganhou um prêmio como melhor desenhista por seu trabalho
em Vampirella #33.
Com o final da editora Warren, em 1983, González se retirou
do mercado americano e voltou a trabalhar na Espanha e na França, desenhando
Herma, publicada nos números 8 a 10 da revista de ficção científica
1984 (e reimpressa na França, na Demassie, em 1980;
e pela Warren), em 1974; Chantal, para a revista
Cimoc, da editora Norma (com roteiro de Ignácio
Vidal-Foch), em 1984; Mamba (com argumento de Antonio Segura),
também na Cimoc, em 1986; Crazy, outro trabalho para a Cimoc,
com roteiro de Alan Parker, de 1987.
Depois abandonou os quadrinhos e durante anos se dedicou à ilustração
e à pintura. González gostava de fazer retratos de artistas hollywoodianos,
especialmente Marilyn Monroe, uma de suas artistas favoritas.
Nos últimos anos de sua vida, voltou a desenhar algumas ilustrações de
Vampirella para a Harris
Comics e até mesmo Barbie para a editora Egmont.
Considerado um dos grandes mestres das artes gráficas, e um dos
mitos dos quadrinhos espanhóis, González preferia o desenho a lápis
e carvão do que a pintura, embora fosse um ótimo pintor, usando
principalmente com tinta óleo.
Frank Frazetta disse certa vez que "ninguém
consegue desenhar mulheres tão belas como José González". O artista também
foi elogiado por Joe Jusko e Carlos Giménez.
González será sempre lembrado como dos grandes nomes das HQs.