Morreu Julius Schwartz, uma lenda dos quadrinhos
Tristeza no mundo dos quadrinhos. No dia 8 de fevereiro, aos 89 anos, morreu Julius Schwartz. O autor estava internado no Winthrop Hospital, em Nova York, em função de uma pneumonia. O funeral ocorrerá hoje.
Julius Schwartz estava prestes a completar 60 anos de trabalho na DC Comics. Apesar do seu nome ser menos conhecido do público, do que, por exemplo, os de Jack Kirby e Stan Lee, sua contribuição não foi menos importante. Dizer que ele era legendário, realmente não é nenhum exagero.
O artista começou sua carreira cedo, em 1930, com apenas 15 anos, editando, junto com Mort Weisinger (que, assim como Schwartz, também foi, durante anos, editor da DC Comics), o fanzine de ficção científica The Time Traveler, que foi precursor de muitas outras publicações do gênero.
Schwartz foi agente literário de nomes como Alfred Bester, Ray Bradbury e H. P. Lovecraft. Trabalhou para a All-American Comics, antes que esta editora fosse incorporada à National Comics (que viria a se tornar a DC).
Segundo Schwartz, ele nunca havia lido uma revista em quadrinhos antes de ser contratado pela All-American. Leu seu primeiro gibi no metrô, indo para a entrevista, e foi contratado por compreender tão bem quais os pontos fortes de uma história.
No final dos anos 40, Schwartz já estava atuando como editor, supervisionando revistas que a National Comics havia adquirido da All-American, como, por exemplo, Green Lantern (Lanterna Verde) e The Justice Society of America (Sociedade da Justiça da América).
Quando os super-heróis estiveram em baixa, na década de 1950, trabalhou com outros gêneros, como o faroeste e a ficção. Em 1956, num dos piores momentos dos quadrinhos americanos, em função do ataque à indústria por políticos e psiquiatras (que desejavam banir as revistas de crime e horror), Schwartz foi incumbido de revitalizar um personagem editado por ele nos anos 40, o Flash. Para muitos, foi o início da Era de Prata.
O Flash de Schwartz apareceu pela primeira vez, com desenhos de Carmine Infantine, na revista Showcase # 4, uma revista idealizada pelo diretor editorial, Irwin Donenfeld, para se testar novos conceitos antes de arriscar, naqueles tempos difíceis, um novo título mensal.
Seguindo o exemplo de Schwartz, outros personagens foram revitalizados (Lanterna Verde, Gavião Negro, Eléktron e a Liga da Justiça) e não demorou muito para que os super-heróis voltassem a ser o principal gênero dos quadrinhos americanos.
Reza a lenda que o estopim para a criação do Quarteto Fantástico, da Marvel, foi uma conversa entre o editor da DC, Jack Liebowitz , e Martin Goodman, proprietário da Marvel, em 1961, durante um jogo de golfe, no qual Liebowitz se vangloriava das vendas da Liga da Justiça, editada por Schwartz.
Quando as vendas de Batman estavam péssimas, em 1964, foi ele o encarregado, com sucesso, de reverter o processo. Em 1970, com a aposentadoria de Mort Weisinger, Schwartz assumiu o cargo de editor na revista do Super-Homem.
Em 1973, tornou-se o primeiro editor de Capitão Marvel (Shazam), quando a DC adquiriu, da Fawcett, os direitos para publicá-lo, com desenhos de C. C. Beck. Nesta época, ele dividia seu escritório na DC, com outra lenda, Dick Giordano.
Nos anos 80, ainda achou tempo para editar uma série de graphic novels baseadas no trabalho de autores de ficção-científica, como Larry Niven e Ray Bradbury.
Schwartz foi uma fonte de inspiração para duas gerações de autores, e sua influência até hoje é sentida nos quadrinhos americanos.