Paul Neary, escritor, desenhista, arte-finalista e letrista inglês, faleceu no dia 10 de fevereiro, aos 74 anos. Ele estava em tratamento – de uma doença não especificada – há bastante tempo. A informação foi divulgada por Alan Davis e Paul Levitz.

Neary nasceu em Bournemouth, no sul da Inglaterra, em 18 de dezembro de 1949. Sua carreira começou com trabalhos para a revista Eerie, da editora Warren, na década de 1970. O destaque desse período fica para a série Hunter.

Em meados da década de 1970, passou a trabalhar para Dez Skinn, na Marvel UK, desenhando as histórias curtas que vinham no semanário Doctor Who Weekly. Sua importância para a filial britânica da Marvel Comics seria enorme nas décadas seguintes.

Ele também desenhou histórias do Cavaleiro Negro, publicadas em Hulk Comic, antologia inglesa com aventuras do gigante esmeralda, em formato 21,6 cm x 28 e miolo preto e branco.

Como muitos dos grandes autores de HQ da Grã-Bretanha, Neary produziu quadrinhos para a 2000AD, chegou inclusive a desenhar enredos de Tharg’s Future Shocks, escritos por Alan Moore.

Na década de 1980, ele criou o personagem Madman (nenhuma relação com o herói de Mike Allred) para a Warrior, outra publicação de Dez Skinn.

Foi nessa época que Neary se tornou editor-chefe da Marvel UK, após a saída de Skinn. Neary decidiu reformular o Capitão Bretanha – criado por Chris Claremont e Herb Trimpe, em 1976 –, e contratou Alan Davis para ilustrar os roteiros de Dave Thorpe. Após a saída de Thorpe, o título contou com enredos de Alan Moore e Jamie Delano, além dos desenhos de Davis, que é considerada a fase mais clássica desse personagem.

A parceria de Neary com Alan Davis continuaria por décadas. O desenhista assumiu o papel de arte-finalista de Davis em Detective Comics, fase curta mas marcante. Juntos eles fizeram Uncanny X-Men, Excalibur (reunindo três dos responsáveis pelo Capitão Bretanha), Clandestine, entre outros.

A dupla chegou a ganhar o prêmio Eisner de melhor equipe artística por Excalibur, em 1989, ano em que Neary também ganhou o prêmio Eagle de melhor arte-finalista. Não é exagero dizer que Neary definiu e ajudou a consagrar o estilo de Alan Davis.

Na década de 1990, ainda na Marvel UK, foi um dos responsáveis pelo lançamento de diversas revistas desse selo inglês nos EUA, entre elas: Death's Head II, Hell's Angel (que mudou de nome para Dark Angel, após uma disputa com o notório clube de motociclismo Hells Angels), Warheads, Digitek, Knights of Pendragon e Motormouth (mais tarde renomeado para Motormouth and Killpower).

Muitos nomes talentosos passaram por essas revistas, como Bryan Hitch, Gary Frank, Liam Sharpe etc.

Neary também tem uma longa colaboração como arte-finalista com Bryan Hitch, em revistas como Stormwatch, The Authority, JLA e The Ultimates.

Seus trabalhos de maior destaque para a Marvel Comics como desenhistas incluem a minissérie Nick Fury vs. S.H.I.E.L.D., de 1988, e uma longa e memorável fase na revista do Capitão América.

Neary era casado com Bernie Jaye, que também atuou nas HQs inglesas como escritora e editora.