Morreu o pesquisador e historiador Moacy Cirne
No último sábado, dia 11 de janeiro, faleceu Moacy Cirne, aos 70 anos, depois de uma cirurgia que fazia parte de um tratamento contra câncer de fígado, diagnosticado no ano passado. Ele teve uma parada cardíaca.
Cirne nasceu em 1943, na cidade São José do Seridó, no Rio Grande do Norte.
Historiador, poeta e artista visual, um dos pioneiros no Brasil quando o assunto era pesquisa sobre histórias em quadrinhos, ele era professor aposentado do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF), lecionou disciplinas sobre histórias em quadrinhos e ficção científica, dentre outras, e chegou a editar e distribuir o fanzine independente de uma única página, o Balaio Porreta.
Dentre seus livros publicados, estão A explosão criativa dos quadrinhos (1970), Para ler os quadrinhos (1972), Uma introdução política aos quadrinhos (1982), História e crítica dos quadrinhos brasileiros (1990), Quadrinhos, sedução e paixão (2000), Literatura em Quadrinhos no Brasil (2003) e A escrita dos quadrinhos (2006). No ano passado, a Editora Criativo publicou Os Pioneiros no Estudo de Quadrinhos no Brasil, que relembra a história de seis professores que enfrentaram preconceito na USP durante a década de 1970 por se especializarem na nona arte - Moacy Cirne era um deles.
Em 2002, foi vencedor do Troféu HQ Mix, na categoria livro teórico.
Em 2009, o Rio Grande do Norte, por meio da Fundação José Augusto, lançou o Prêmio Moacy Cirne, cujo objetivo é selecionar dez quadrinhistas profissionais ou amadores do estado para integrarem uma coletânea e impulsionar a produção artística nesta área.
Moacy Cirne representou muito para a história do quadrinho nacional. Durante as décadas de 1960 e 1970, era difícil falar abertamente de política, sexo, drogas ou diversão plural. A grande saída para ter um assunto que os militares não entendiam muito e que pudesse fazer enxergar as coisas além do imediato eram os quadrinhos.
Com seus livros e artigos, como os da Revista de Cultura Vozes, ele ensinou - vertendo para nossa realidade o que havia de mais enriquecedor como instrumental nas ciências sociais em âmbito mundial até os anos 1970 - a dar o devido valor a Mauricio de Sousa, a resgatar o carinho devido à Turma do Pererê e, principalmente, entender o caminho por onde pensar que um país menos opressivo poderia ser construído. Sempre contando com a amizade e o estímulo recíproco de outro importante historiador da área, Álvaro de Moya.