Morreu Sergio Bonelli, um dos nomes mais importantes da história dos fumetti
O editor e roteirista Sergio Bonelli, um dos maiores nomes dos fumetti - os quadrinhos italianos -, faleceu ontem, 26 de setembro, em Milão, na Itália, aos 78 anos.
Bonelli estava internado no hospital San Gerardo, em Monza. O editor havia adoecido em agosto, mas depois de alguns dias se recuperou. Sua morte pegou de surpresa amigos e colaboradores.
Nascido em Milão, em 2 de dezembro de 1932, Sergio era filho de Tea e Gian Luigi Bonelli, o criador de Tex. Sua carreira nos quadrinhos começou em 1955, trabalhando na Redazione Audace, a editora dirigida por sua mãe, que, em 1946, assumiu o posto que antes era ocupado pelo ex-marido. Bonelli fazia todo tipo de trabalho, distribuía revistas, respondia cartas de leitores etc.
Nessa época, usando o pseudônimo feminino Annalisa Macchi, escreveu os recordatórios de Ciuffetto Rosso, uma história ilustrada por Roy D'Amy e publicada no sexto número da segunda série Collana Capolavori.
A Redazione Audace trocou de nome três vezes, passando a se chamar Edizione Audace, Audace e Araldo.
Em 1957, após concluir os estudos, Sergio assumiu a direção da empresa, agora sob o nome de Edizioni Araldo, e fez sua estreia como escritor para valer, usando o pseudônimo Guido Nolitta.
No ano seguinte - ainda como Guido Nolitta -, criou Un Ragazzo nel Far West, história ilustrada por Franco Bignotti. Em 1959, colaborou com o desenhista Sergio Tarquinio e deu vida a Il giudice Bean, HQ que só foi publicada em 1963, na coleção Gli Albi Del Cow Boy. Nessa época, também escreveu alguns roteiros para o título Piccolo Ranger.
Antes de se chamar Sergio Bonelli Editore, a editora ainda trocaria diversas vezes de nome, chamando-se: Daim Press, CEPIM, Altamira e Editore L'Isola Trovata.
O ano de 1960 trouxe um marco importante na carreira de Bonelli, quando, junto com o desenhista Gallieno Ferri, criou Zagor, cuja primeira história só foi publicada em 15 de junho de 1961. Sergio escreveu os roteiros do personagem até 1980.
Bonelli criou um de seus personagens favoritos, Mister No, em 1975. As primeiras histórias se passam em Manaus, no Brasil, na década de 1950 - inspiradas pelas aventuras que o autor vivera em nosso país. A arte das primeiras edições é de Ferri e Donatelli.
Sua primeira história para Tex, Caccia all'uomo (Caçada Humana), foi publicada em 1976, com arte de Fernando Fusco.
A coleção Un uomo un'avventura foi outro marco, editada por Bonelli e Decio Canzio. A série teve 30 números, publicados entre 1976 e 1980. Nela foram lançados clássicos dos quadrinhos ilustrados por Dino Battaglia, Sergio Toppi, Hugo Pratt, Aurelio Galleppini, Guido Crepax, Attilio Micheluzzi, Milo Manara, Ivo Milazzo e outros.
O roteiro de L'uomo del Texas, publicado em setembro de 1977, é de Bonelli - ainda sob o pseudônimo de Guido Nolitta - e os desenhos são de Galleppini.
Dez anos mais tarde, em 1986, Bonelli iniciou a publicação de Dylan Dog, o detetive do sobrenatural criado por Tiziano Sclavi. O anti-herói se tornou um sucesso tão grande, que chegou a superar, durante um bom tempo, as vendas de Tex.
Sob a batuta de Sergio Bonelli foram publicadas séries como Storia del West, Il Protagonisti, o elogiadíssimo Ken Parker (de Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo), Martin Mystère, Nick Raider, Nathan Never, Akim, Zona X, Legs Weaver, Mágico Vento e Julia.
Em janeiro de 2007, Bonelli passou o cargo de diretor geral da Sergio Bonelli Editore para Decio Canzio.
A morte de Sergio Bonelli é uma grande perda para os quadrinhos italianos. O funeral será realizado no dia 29 de setembro, às 10h30min, na capela do Cemitério Monumental de Milão. O destino da editora será decidido nas próximas semanas.