Morreu Will Elder, um dos pioneiros da revista Mad
O
artista William Elder (também conhecido como Will Elder e Bill Elder)
faleceu na manhã de 15 de maio, aos 86 anos de idade. A causa da morte
não foi divulgada e o enterro ocorreu no domingo, em Nova Jersey, nos
Estados Unidos.
Embora Elder tenha trabalhado muitos anos como ilustrador, ele é mais
lembrado pelo seu trabalho pioneiro, ao lado de Harvey Kurtzman, na revista
Mad e por Little Annie Fanny (Aninha,
no Brasil), personagem da revista Playboy.
Elder nasceu no Bronx, em Nova York, em 22 de setembro de 1921, e seu
nome verdadeiro era Wolf William Eisenberg. O artista serviu no exército
norte-americano num regimento de engenharia e fez parte da equipe que
desenvolveu os mapas para a invasão da Normandia em 6 de junho de 1944.
Quando voltou da guerra, Elder resolveu mudar seu nome.
Sua
formação artística inclui graduação pela Manhattan's High School of
Music and Art, onde conheceu Harvey Kurtzman.
No final da década de 1940, Kurtzman, Elder e Charles Stern criaram o
estúdio Charles William Harvey, produzindo quadrinhos para a Prize
Comics. Ele arte-finalizou John Severin nas revistas Weird Fantasy,
Two-Fisted Tales e Frontline Combat, da EC Comics.
Em 1952, foi convidado por Kurtzman para fazer parte dos cinco artistas
originais da revista Mad, junto com o próprio Kurtzman, Severin,
Jack Davis e Wally Wood. Na Mad ele fez paródias memoráveis de
personagens como Archie, Mulher-Maravilha, Mandrake e o Sombra
Elder era um narrador apurado e sua característica de criar uma piada
no plano de fundo, separada do primeiro plano, foi copiada por muitos
outros artistas. Essa técnica foi aludida por Louis Malle na comédia Zazie
no Metrô (Zazie dans le métro), de 1960.
Com o final da Mad, Elder seguiu o caminho de Kurtzman em muitas
revistas, entre elas Trump, Humbug e Help!, até que
a dupla desenvolveu Little Annie Fanny para Hugh Hefner, baseado
numa paródia anterior chamada Goldman Beaver. Aninha
foi publicada na Playboy entre 1962 e 1988.
Seu trabalho com ilustrações, caricaturas, cartuns e propaganda foi reunido
no volume Will Elder: The Mad Playboy of Art, publicado em 2003,
pela Fantagraphics.
Humorista nato, Elder foi sempre lembrado por seu lado brincalhão e irreverente.
Williams Gaines, da EC Comics, disse certa vez que ele
era o único artista cuja vida era tão maluca quanto a revista Mad.
Segundo
Mark Evanier, Elder era amigo de infância de Bess Myerson, garota que
ganhou o concurso Miss América e tornou-se apresentadora de TV.
Na época
em que Myerson era Miss América, ele apostou com os amigos que se fossem
a um evento no qual a moça estivesse presente, bastaria um olhar para
ela se lançar em seus braços e beijá-lo.
Os amigos, sem saber de sua conexão com a garota, aceitaram a aposta,
e perderam, é claro. Sobre este assunto, Elder declarou certa vez que
foi o dinheiro mais bem ganho em sua vida.
Ele foi nomeado para o Comic Book Hall of Fame (categoria
do prêmio Eisner) em 2003.