New York Times publica artigo sobre briga de Alan Moore com a DC
Alan
Moore é um dos maiores autores modernos dos quadrinhos. Seu nome é quase
uma garantia de qualidade, e muitas editoras se beneficiam deste fato.
Ao mesmo tempo, ele é um escritor considerado por muitos como excêntrico
e polêmico.
No último domingo, 12 de março, o jornal New York Times
publicou uma matéria sobre o filme V
de Vingança, e a briga de Alan Moore, que escreveu a obra, com
a DC
e a Warner.
O artigo de Dave Itzkoff conta um pouco da carreira de Moore, e depois
se fixa nas razões pelas quais Moore não quis seu nome associado ao filme,
e nem quis receber sua parte em dinheiro.
Moore considera que obras como Watchmen e V de Vingança
lhe foram roubadas pela DC, com uso de uma cláusula contratual.
Aparentemente os direitos destas obras voltariam a Moore e os respectivos
desenhistas, quando sua tiragem fosse esgotada.
Vinte anos depois, as duas obras continuam vendendo bem, e nunca saíram
de catálogo. Por isso, Moore largou a DC, em 1989, e
procurou outras editoras.
Segundo Paul Levitz, publisher da DC, na época
do lançamento de ambas as obras, Moore estava satisfeito com o acordo,
e o tratamento que a editora lhe dava só lhe desagradou muitos anos depois.
Acabou se fixando na Wildstorm,
que na época não fazia parte da DC, e ganhou um selo
só para seus produtos, o America's Best Comics ou ABC.
Quando a DC comprou a Wildstorm, de
Jim Lee, em 1998, uma das maiores surpresas foi ver Moore continuar no
selo publicando seu trabalho, enquanto os editores filtravam seu contato
com a DC.
Esta situação perdurou por alguns anos, até 2005, quando algumas dificuldades
com a editora, e um problema com o produtor de cinema Joel Silver, levaram
Moore a terminar
todos seus projetos com a Wildstorm, e levar suas
obras, em particular a Liga Extraordinária, para a editora Top
Shelf.
O artigo exemplifica alguns dos problemas que Moore teve com a indústria
do cinema americano, como, por exemplo, um depoimento de dez horas, feito
em vídeo conferência, por causa de uma ação judicial de plágio contra
o filme A
Liga Extraordinária.
Larry Cohen e Martin Poll processaram os produtores do filme, e, pasme,
os acusaram de terem criado os quadrinhos - A Liga Extraordinária,
de Moore e Kevin O'Neill - no qual o filme se baseia, apenas para servir
de cortina de fumaça do plágio.
Moore, é claro, ficou furioso e indignado. Para piorar tudo, o caso foi
acertado fora dos tribunais e Moore ficou basicamente impedido de limpar
seu nome.
"Se eu tivesse violentado e matado um ônibus cheio de crianças retardadas,
depois de lhes vender heroína, eu duvido que teria sido interrogado pelas
mesmas dez horas", ironizou Moore.
Desde então, ele se recusa a vender os direitos de seus trabalhos para
serem adaptados para o cinema. No caso de V de Vingança, isto
aconteceu há vinte anos, quando Moore e David Lloyd venderam os direitos
para Joel Silver.
Moore foi contatado por Larry Wachowski, por telefone, e explicou-lhe
que não queria ter nenhuma participação no projeto, e nem mesmo o encontraria
para tomar um café e discutir o assunto. Moore afirma que o roteiro do
filme é uma bobagem.
Em 4 de março de 2005, Joel Silver disse numa coletiva de imprensa que
Alan Moore estava entusiasmado com V de Vingança, e que Larry
havia lhe enviado o roteiro, e que eles se encontrariam para conversar.
Foi o suficiente para que o escritor inglês ficasse furioso.
Silver tentou se desculpar com Moore por telefone, alegando
que era tudo um mal-entendido, que ele havia interpretado mal o entusiasmo
do escritor há vinte anos. Não adiantou. Moore foi seco e disse que desligaria
o telefone, se o produtor não parasse de falar.
Depois disso, Moore pediu uma retratação por escrito, o que não ocorreu.
Então ele exigiu a retirada de seu nome dos créditos do filme, e também
de suas obras que ainda permanecem com a DC (Watchmen
e V de Vingança).
A DC, entretanto, diz que não o fará, pois não seria
apropriado. "Estas obras não são reinterpretações, não são cópias ou derivados.
É o trabalho de Alan Moore, e com o qual ele estava satisfeito, isto não
mudou de uma hora para a outra", disse Paul Levitz.
Moore reconhece que seu senso de justiça é superdesenvolvido. "É importante
para mim que eu tenha liberdade para fazer qualquer coisa. Fui uma criança
egoísta, que sempre fez o que quis, e transportei esta relação para o
resto do mundo", disse Moore.
Entre os próximos trabalhos de Alan Moore estão:
A terceira aventura da Liga Extraordinária, que sairá entre 2006
e 2007, pela Top Shelf. Lost Girls, em parceria
com Melinda Gebbie, sobre as aventuras pornográficas das versões adultas
de Alice (aquela do País das Maravilhas); Dorothy Gale (do Mágico
de Oz); e Wendy Darling (de Peter Pan).
E também Jerusalém, um romance de aproximadamente 750 páginas.