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Noite de autógrafos com Laerte, no lançamento de Overman

17 novembro 2003

Capa e contra-capa de OvermanLaerte lança o primeiro livro de Overman na FNAC Pinheiros (Rua Pedroso de Moraes, 858 - São Paulo/SP), na próxima quarta-feira, dia 19 de novembro, a partir das 19h.

Em 65 anos de história dos super-heróis ­ desde que surgiu o Super-homem em 1938 ­, os leitores de quadrinhos já viram de tudo quando o assunto são figuras com superpoderes: homem de aço, homem de ferro, homem em forma de aranha, lagarto, vespa, mosca e etc. Nenhum, porém, aproximou-se de Overman, o super-herói mais pirado do planeta, criação do cartunista brasileiro Laerte Coutinho.

Como diz o desenhista, ele é um sujeito completamente "over", do tipo que não conhece seus limites. Na verdade, trata-se da mais hilariante sátira já feita ao mundo dos super-heróis. Com seu humor inteligente, Overman faz o público crer que todo personagem fantasiado como ele tem lá alguns problemas mentais ­ egocentrismo, vaidade, arrogância.

Essa é a impressão que passa após a leitura de Overman ­ O Álbum, O Mito(formato 21 x 28 cm, 48 páginas, R$ 23,00), que está sendo lançado pelas editoras Devir/Jacaranda. São 150 tiras que condensam todo o carisma e a graça do personagem de Laerte.

Publicado há cinco anos como tira de quadrinhos no jornal Folha de S. Paulo, Overman é uma homenagem visual a Space Ghost, o super-herói espacial dos desenhos animados de Hanna-Barbera. Traz também alguns elementos do Homem-Aranha, de Stan Lee e Steve Ditko, um de seus personagens preferidos de infância e o primeiro no gênero a aproximar o universo dos superseres do mundo real do leitor. Principalmente ao tratar de problemas do cotidiano, como o pagamento de aluguel e a dificuldade de conseguir emprego.

Laerte afirma que não chega a ser uma novidade esse cruzamento do "pop mítico" dos super-heróis com o "prosaísmo do cotidiano". Só que, no seu caso, ocorreram o que ele chama de "intenção paródica" e uma transposição mais radical para a realidade brasileira. Overman tem uma personalidade bastante própria, com o toque criativo que transformou seu autor num dos artistas do humor gráfico e das histórias em quadrinhos mais importantes do Brasil.

Em muitas das tiras do álbum ­ selecionadas de um total de 400 já publicadas ­ o propósito é fazer graça com o conceito que os quadrinhos e o cinema estabeleceram do super-herói. A sexualidade, por exemplo, é impiedosamente tratada a partir da velha polêmica sobre o ideal de homossexualidade explícito que existe nesses personagens ­ homens musculosos e viris, fantasiados com roupas colantes que realçam suas formas.

Numa das histórias, por exemplo, Overman "destrói sua reputação, escandaliza seus admiradores e choca seus leitores" por um punhado de fichas de fliperama, seu maior vício. Para tanto, passa batom, veste-se de prostituta e vai para uma esquina rodar bolsinha. Acaba casado com véu e grinalda com um milionário que mantém em suas cinco mansões salas de seu jogo eletrônico preferido.

O artista explica que, desse modo, Overman dá vazão a uma libido super legítima, com o culto hedonista da força do herói mítico que vem desde os gregos e romanos. "O legal da paródia é deixar as coisas sempre mais claras", ressalta. Assim, Laerte define sua criação como um tipo "pansexual". Para ele, esse exemplo mostra que a fronteira entre o humor e HQ séria é muito tênue. Na realidade, acredita, não existe essa divisão. "É muito legal o super-herói freqüentar o mundo dos mortais com intenções humorísticas."

Um dos momentos de destaque do álbum é a seqüência em que o artista cria uma história editorial para Overman. Em forma de documentário, as tiras fantasiam que o super-herói surgiu em 1959, passando por uma série de transformações como meio de se manter no mercado com vendas elevadas ­ exatamente como fazem as editoras americanas há décadas.

"É bem gostoso brincar de inventar uma origem diferente a cada momento para um personagem de ficção", diz o desenhista. Ele revela que Overman é um dos seus poucos personagens que "trabalham" sozinhos no momento de fazer as histórias. "Muitas vezes, começo uma situação e ele mesmo completa o que vem depois. Apenas desenho o que ele provoca. Os outros exigem uma participação mais ativa de meu cérebro."

Como destaca o editor Toninho Mendes, Overman chegou para liquidar o mito de que um herói não pode falhar. Ele não só falha, mas falha sempre. O personagem mora no bairro paulistano do Ipiranga, onde divide com seu amigo Ésquilo um quarto de pensão ao lado de um estacionamento. De missão em missão, ele alterna derrotas ou empates técnicos contra vilões e passa por períodos de crise pessoal. Um bom exemplo da diversidade criativa de Laerte, um mestre dos quadrinhos de humor.

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