Novidades da Opera Graphica para o Fest Comix
A
Opera Graphica
lançará diversos títulos durante o 6°
Fest Comix. São revistas para todos os gostos, passando por super-heróis,
quadrinhos adultos, eróticos, humor e obras de artistas nacionais. Confira
as novidades:
Batman: A Noite do Ceifador e Outras Histórias (formato 16 x 23
cm, 96 páginas, R$ 12,90) - Quatro histórias do Cavaleiro das Trevas,
retratado por Neal Adams. Numa delas, o leitor verá como foi o primeiro
encontro de Batman com o Rastejante - o super-herói amalucado (mistura
de Homem-Aranha e Coringa) criado por Steve Ditko nos anos 60, após sair
da Marvel Comics.
Há também a histórica O Segredo das Covas Vazias, publicada nas
páginas de Detective Comics, nos idos de 1970, em parceria com
o roteirista Denny O'Neil. Duas-Caras marca presença - numa reformulação
de sua origem - além da clássica A Noite do Ceifador - que dá nome
a essa coletânea. Completando a edição, uma matéria de 12 páginas, feita
pelo editor Roberto Guedes, na qual é contada toda a carreira de Adams.
Batman
Saga # 2 (formato 17 x 26 cm, 32 páginas, R$ 7,90) - Nesse número
são apresentadas duas histórias dos anos de 1970. Na primeira aventura
- A Noite do Caçador - no traço de Sal Amendola, desenhista ítalo-americano,
o roteirista Steve Englehart narra a versão mais chocante da origem do
vigilante, retratando um Batman humano e sensível, capaz de chorar.
Completando a revista, Dia do Juízo Final, escrita pelo finado
Archie Goodwin (um dos nomes mais respeitados no meio) e desenhada por
Howard Chaykin (criador de American Flagg!). É interessante comparar
o estilo de Chaykin na trama com a ilustração de capa - feita por ele
anos depois. A edição traz reprodução das capas originais, textos explicativos
sobre os autores e uma nova colorização.
Contrastes
(formato 21 x 28 cm, 48 páginas, R$ 14,90) - Após Marvin e Tom's
Bar, mais uma obra-prima da dupla de criadores italianos Giancarlo
Berardi e Ivo
Milazzo. A impressão preto-e-branco com tons de cinza justifica e
realça o claro/escuro do lápis de Milazzo. Dono de uma técnica apurada,
a cada página seu estilo evolui de forma diferente. Se na primeira história,
A Conquista do México seu traço é acadêmico, em Superfly,
o artista beira o cartum.
Mas é no roteiro econômico de Berardi que o título Contrastes ganha
proporções mais significativas. Desde a escolha da imagem de capa (com
a figura de O Gordo e o Magro), até as diferenças de personalidades explícitas
de Stan Laurel e Oliver Hardy em O Hino. Fechando o álbum, uma
história sem balões - Driiinn.
Demon:
Origens (formato 16 x 23 cm, 80 páginas, R$ 12,90) - Garth Ennis é
um roteirista com bagagem de sobra, e sabe muito bem conduzir uma trama
diabólica - vide Preacher, sua polêmica criação para o selo Vertigo.
Demon (ou Etrigan) é uma cria de Jack Kirby - o finado "Rei dos Quadrinhos".
Ennis respeita suas premissas, inserindo tempero na gênese da criatura
infernal que fala por rimas. Na versão do argumentista, a origem de Etrigan
é mais esclarecedora, mostrando - com requintes de crueldade - a influência
do mago Merlin na maldição que se abateu sobre o camponês Jason Blood.
O álbum ainda traz uma bizarra aventura de Demon, mostrando a origem e
primeira aparição de Hitman - o mercenário sanguinário que mata indistintamente.
A arte é providenciada por John McCrea, que imprime um estilo moderno
e despojado, bem adequado ao script de Ennis.
100
Balas # 19 (formato 17 x 26 cm, 32 páginas, R$ 7,90) - Deu para perceber
que Loop - assim como Dizzy - é um personagem forte. É por isso que, após
o grande arco de histórias - encerrado na última edição - o roteirista
Brian Azzarello ainda propiciou um Epílogo para um Cão Vadio -
provando que Loop tem fôlego para muito mais.
As tramas em 100 Balas se renovam continuamente, inserindo personagens
novos à medida que a série avança. No melhor estilo dos seriados policias,
aos poucos, novas facetas dos personagens principais são apresentadas.
A arte de Eduardo
Risso continua impressionando, ainda mais nas cenas de violência -
que retrata com extrema competência e precisão.
Chega um ponto, em que o leitor não sabe mais se antipatiza com a postura
gélida do misterioso Agente Graves - o sujeito que "presenteia" estranhos
com uma arma e 100 balas irrastreáveis - ou se o adora. Azzarello faz
questão de deixar o leitor "boiando", sem saber o que vem a seguir.
O
Fantasma Crônicas # 5 (formato 13,5 x 17,7 cm, 86 páginas, R$ 4,90)
- A revista traz histórias completas do "Espírito-que-Anda", mesclando
material novo (e inédito no Brasil), com grandes clássicos do passado.
Em O Último dos Unicórnios, é mostrado um dos últimos
trabalhos de Lee Falk - antes de seu falecimento - em companhia da equipe
de artistas Olesen e Williams. Todos os elementos que tornaram conhecida
a criação máxima de Falk estão presentes na trama: a origem recapitulada,
seu eterno romance com Diana, as maravilhas da Floresta Negra e criminosos
cruéis e gananciosos querendo se aproveitar de algo. No caso, de um mitológico
unicórnio - o último de sua espécie.
A segunda história é um clássico dos anos 60, assinado por Sy Barry: As
Pérolas Negras - de certo modo - inspirado no filme O Monstro da
Lagoa Negra. Aqui, Falk estava em sua melhor forma, construindo um
enredo de suspense e ação da melhor qualidade.
Coleção
Opera Brasil # 14: Na Trilha de Masamune - (formato 21 x 28 cm, 48
páginas, R$ 12,90) - Por Luiz Saidenberg. O autor, que começou sua carreira
de quadrinhista nos anos 50, participando da (hoje) lendária editora Outubro
- de Miguel Penteado e Jayme Cortez - fez parte também do movimento de
nacionalização das histórias em quadrinhos, que não deu certo.
Nas décadas seguintes, enveredou pela publicidade, tornando-se um dos
artistas mais requisitados e premiados do meio. Após receber o prêmio
Angelo Agostini em 2002, motivou-se a produzir esta nova obra.
Aqui, Saidenberg domina os princípios do storytelling de forma
invejável - como se nunca houvesse deixado de produzir quadrinhos - além
de trazer diálogos econômicos e diretos.
A trama gira em torno de uma espada (mística), que confere a honra e bondade
de seu criador aquele que a empunhá-la. Exceto, claro, aos malfeitores
- que a roubam e a levam para a Espanha. Saidenberg explora a cultura
nipônica (que estudou anos a fio), mesclando à cultura espanhola, com
muito bom gosto.
Coleção
King Komix # 5 (formato 13,5 x 17,7 cm, 86 páginas, R$ 4,90) - Acompanhe
as peripécias do Recruta Zero, de Mort
Walker - um dos personagens mais famosos das histórias em quadrinhos.
No melhor estilo pastelão, este quinto número é recheado de gags e piadas
infames.
Na Trilha do Prazer (formato 16 x 23 cm, 144 páginas, R$ 24,00)
- dedicado a Sebastião Zéfiro (ou Sebastião Seabra) - destaca o universo
das HQs eróticas do desenhista. Uma edição repleta de mulheres lindas,
voluptuosas e sensuais. Dono de um traço perfeito, onde a anatomia feminina
atiça a imaginação masculina, Zéfiro vinha desde meados dos anos 70 -
quando tinha que driblar a censura - colaborando com várias editoras.
Ragú
# 6 (R$ 10,00) - A revista Ragú mostra a cara novamente, reafirmando
a idéia original de longevidade e qualidade do seu projeto editorial.
A edição agora é distribuída pela Opera.
O elenco de colaboradores da Ragú vem aumentando na proporção dos
espaços conquistados pela revista. Além da conhecida "cozinha", apresenta
novos talentos e gente do quilate de Guazzelli, Pavanelli, Jaca e Fábio
Zimbres. O conjunto de obras aqui reunido é prova da multiplicidade de
linguagens e estilos que caracteriza a produção nacional de quadrinhos,
ao mesmo tempo em que revela a sintonia fina dos que lidam com o ofício
da arte seqüencial no Brasil.
O
leitor poderá conferir os cartuns contundentes de Simanca e Cau Gomez
e as charges de Augusto Rodrigues. Gilvan Samico, um dos mais importantes
gravuristas vivos do Brasil, enriquece a seção Galeria - com uma
arte que transforma com erudição os signos da cultura popular nordestina.
Mas o lirismo, o nonsense e o humor gráfico, também são matérias-primas
da publicação.
Ragú surgiu como publicação alternativa; construiu uma identidade
editorial; e está aí, para quem quiser experimentar. Foram vários ciclos
de produção, fechando mais uma etapa na trajetória da revista. Mas, de
longe...é sua despedida.
O número anterior de Ragú foi
distribuído pela Via
Lettera.