O Eternauta vira alvo de discussão política na Argentina e é quase banido das escolas
Um dos maiores clássicos dos quadrinhos argentinos, O Eternauta virou alvo de discussões políticas entre o prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri, e apoiadores da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e quase chegou a ser proibido nas escolas.
A polêmica começou quando os militantes da Câmpora, agremiação de jovens peronistas, passaram a marchar carregando um boneco em tamanho real do ex-presidente Néstor Kirchner, vestindo um traje de escafandro utilizado pelos protagonistas da história criada por Héctor Germán Oesterheld e Francisco Sólano López.
Chamado de Nestornauta, o boneco é utilizado como um símbolo para imortalizar o ex-presidente Kirchner, falecido em outubro de 2010. Os militantes utilizam jogos educativos para crianças, chamados de "O herói coletivo", com o Nestornauta como personagem.
Em entrevista a uma rádio local, Maurício Macri deu a entender que iria banir O Eternauta das escolas argentinas, para impedir o avanço de um suposto "doutrinamento kirchneriano" nas salas de aula. O ministro da educação, Esteban Bullrich, chegou a criar um telefone 0800 para que pais denunciassem a prática de doutrinação nas escolas, recebendo mais de mil ligações nas primeiras 24 horas de funcionamento.
Após a declaração, o prefeito se retratou, afirmando que o problema "obviamente não é O Eternauta e, sim, o Nestornauta", acrescentando que seu governo distribui exemplares do livro em todas as escolas da cidade.