O que é História em Quadrinhos Brasileira: novo livro
A
definição do que é a história em quadrinhos brasileira é um tema recorrente
nas revistas, fanzines, palestras e eventos do gênero. Cada autor, leitor,
editor tem sua própria visão sobre os quadrinhos brasileiros, o que gera
infindáveis polêmicas.
Na década de 1980 um grupo de autores, reunidos na Associação de Quadrinhistas e Caricaturistas de São Paulo, lutou pela aprovação de uma lei de reserva de mercado para nossos quadrinhos, mas tiveram a oposição das grandes editoras. Elas conseguiram impingir uma emenda à lei considerando brasileiros todos os personagens estrangeiros desenhados no Brasil, como ocorre com as histórias do universo Disney, produzidas pela Editora Abril.
Na década de 1960 uma lei de proteção às HQs brasileiras chegou a ser aprovada, mas nunca entrou em vigor. O governo do Rio Grande do Sul proibiu por certo período a circulação no estado de revistas em quadrinhos vindas de fora, reservando o mercado para a produção local, feita pelos artistas da terra e abordando temas regionais.
A polêmica do que seja quadrinho brasileiro também tem espaço no meio acadêmico. Moacy Cirne, um dos mais renomados pesquisadores sobre quadrinhos, considera que não basta que a personagem esteja situada em nosso meio para que seja considerada brasileira. A experiência da personagem Judoka é emblemática. Embora feita por brasileiros, sua construção seguia as mesmas linhas de quase todos os grandes heróis dos quadrinhos, como o Super-Homem, por exemplo. Até mesmo a questão da dupla identidade estava situada.
Para Edgard Guimarães, esta afirmação categórica de Cirne sobre o Judoka foi um ótimo ponto de partida para retomar a discussão sobre o quadrinho brasileiro. Para isto, ele convidou alguns autores que nas últimas décadas têm se preocupado com o assunto e já o trataram em diversas ocasiões para formarem o livro O que é História em Quadrinhos Brasileira (formato 12 x 18cm, 92 páginas, R$ 12,00), editado pela Marca de Fantasia na Coleção Quiosque.
Nessa obra, Marcelo Marat, César Silva, Gazy Andraus, Edgar Franco, o próprio Edgard Guimarães e Henrique Magalhães apresentam visões distintas sobre os Quadrinhos Brasileiros, mas que se encontram na complementaridade desejada.