Os explosivos quadrinhos atômicos
O
Museu de Ciência Bradbury, em Los Alamos, Novo México, nos Estados Unidos,
está resgatando um interessante pedaço da história da nona arte: os quadrinhos
atômicos.
A entidade está realizando a exposição Zap, Zing, Zowee: Six Decades
of Atomic Comics, com centenas HQs cujos personagens-título, conceito
ou aventuras remetem à energia atômica.
Os gibis e a curadoria da mostra pertencem a Ferenc Szasz, professor de
História da Universidade do Novo México. Ele diz que a Era de Ouro dos
quadrinhos atômicos teve início na década de 1940 e ficou marcada para
sempre.
Na época, personagens como Atomic Bunny, Atomic Mouse e muitos outros
ajudaram a disseminar a idéia de que a energia nuclear era benéfica e
que ninguém deveria temer as armas que surgiam em conseqüência dela.
O Pato Donald chegou a protagonizar uma aventura do gênero, em 1947. Produzida
por Carl Barks, Donald Duck's Atom Bomb não era nem um pouco chocante.
As explosões das bombas nucleares deixavam, no máximo, as vítimas com
os cabelos queimados e espetados.
Entre as publicações expostas por Szasz, uma das mais interessantes
é a HQ institucional Learn How Dagwood Splits the Atom, escrita
por Joe Musial (com orientação de alguns cientistas), desenhada por Chic
Young e publicada em 1949 pela King Features Syndicate.
Na aventura, o comilão e preguiçoso Dagwood, esposo de Blondie, ambos
personagens criados por Young, é encolhido a um tamanho subatômico. A
partir daí, os leitores são apresentados às complexidades da Física de
uma maneira mais divertida e fácil de entender. O gibi foi encomendado
por ninguém menos que o General Leslie R. Groves, o homem que supervisionou
a construção das bombas nucleares que destruíram as cidade de Hiroshima
e Nagasaki, no Japão.
Mas a energia atômica continuou influenciando os quadrinhos por muito
tempo. A partir dos anos de 1960, durante a Guerra Fria, quando a tensão
política entre Estados
Unidos e União Soviética aumentava as chances de o planeta Terra ser destruído
em um conflito nuclear, freqüentemente surgiam super-heróis cujos poderes
eram resultantes de exposição a elementos radioativos. Formiga Atômica,
Hulk, Homem-Aranha e Nuclear foram apenas alguns deles.
Para Szasz, o tema já não é mais tão popular quanto antes. Mas ele não
acredita que o terrorismo seja a bola da vez nos quadrinhos, apesar de
ser o assunto do momento. "É difícil descrevê-lo. Não tem o apelo que
uma conflagração nuclear tinha nos anos 50 e 60", disse o
professor.
No site Authentic
History Center, especializado em resgatar imagens e sons da cultura
popular dos Estados Unidos, há uma seção
inteiramente dedicada aos quadrinhos atômicos. Vale a pena acessar e conferir
as capas de várias HQs clássicas, algumas delas protagonizadas por velhos
conhecidos dos fãs de super-heróis da Marvel e da DC.