Os vinte anos de Dylan Dog
Em
outubro de 1986, os quadrinhos italianos apresentaram ao mundo Dylan Dog,
personagem carismático cujas aventuras, um misto de terror, mistério,
humor, sensualidade, ação e o que mais a imaginação de seu criador pudesse
conceber, transformaram-no em um fenômeno pop de grandes proporções em
seu país de origem.
Isso é corroborado não apenas pelas vendas espantosas das HQs que levam
seu nome no título e a tiragem mensal na casa do milhão (incluindo as
reedições), mas também pelo culto que se formou em torno de seu nome,
com direito a um festival em sua homenagem, o Dylan Dog Horror Festival,
realizado anualmente na Itália.
O Investigador do Pesadelo, que completa 20 anos de vida editorial, foi
criado pelo roteirista Tiziano Sclavi para a Sergio Bonelli Editore
à imagem e semelhança do ator Rupert Everett, um galã inglês como Dylan
Dog.
Mas
as referências a personalidades do mundo real não param aí. O toque de
humor nonsense das histórias surreais do herói é garantido por seu fiel
parceiro de aventuras e diálogos hilários Groucho, o tagarela e simpático
(ou chato, dependendo do ponto de vista) personagem inspirado, em nome
e visual, no mais famoso dos Irmãos Marx, comediantes norte-americanos
célebres na TV e no cinema dos anos 1920 a 1950.
No Brasil, apesar dos elogios da crítica e das manifestações de muitos
leitores em favor da permanência do título nas bancas, a HQ Dylan Dog
não alcançou o sucesso esperado. Depois de estrear no País pela Record
em 1991 e durar apenas 11 edições de linha e dois especiais, o gibi voltou
em 2001 pela Conrad numa série curta de seis números.
Em
2002, o personagem parecia que, finalmente, consolidaria um merecido sucesso
no Brasil, ao retornar às bancas pela Mythos. Entretanto, as duas
premiações consecutivas no Troféu HQ Mix, como melhor publicação
de terror de 2004 e 2005, além da marca recorde de 40 edições brasileiras,
não impediram mais um cancelamento de Dylan Dog.
O ex-policial da Scotland Yard, que se livrou do distintivo e do álcool
para investigar casos sobrenaturais por conta e risco próprios, deixou,
além de saudades, uma gama de histórias que, a despeito de tantos adjetivos
que possam ser a elas conferidos, podem ser traduzidas em uma única palavra:
inteligentes.
Porém, os fantasmas, monstros alienígenas, criaturas abissais e até a
Morte (ela mesma, em foice e osso) não devem ficar tranqüilos, pois o
Investigador do Pesadelo continua "chutando traseiros" na Itália.
E assim permanece viva a esperança de que outras grandes aventuras em
preto-e-branco do herói do sobrenatural aportem de novo nas bancas tupiniquins.