Pai e filho em conflito em Ken Parker 28, da Tapejara
Já está nas melhores gibiterias e livrarias do Brasil a 28ª edição de Ken Parker. A história é de Giancarlo Berardi, o roteiro de Alfredo Castelli (o famoso "pai" de Martin Mystère), os desenhos de Giancarlo Alessandrini e a capa, uma belíssima aquarela, de Ivo Milazzo.
A trama se passa em abril de 1876, no Forte Benton, Montana Setentrional. Tudo começa quando um trote contra recrutas chama a atenção do coronel Price, o comandante local. Para sua surpresa, entre os novatos está seu próprio filho, Oliver, um jovem de 22 anos para quem ele sonhara com uma carreira de advogado numa grande cidade.
Os dois têm uma violenta discussão e Price reclama das chances desperdiçadas pelo rapaz para ter um futuro diferente do seu, longe de brutos e analfabetos - como ele descreve os soldados do exército americano. Oliver terá de mostrar ao pai que sua vontade precisa ser respeitada e, principalmente aos colegas, que não recebe qualquer favorecimento por seu parentesco.
Mas o desafio será maior do que imagina, pois ele enfrentará chacotas e humilhação, até cometer um grave erro. Para consertá-lo, somente uma pessoa se dispõe a lhe prestar ajuda: Ken Parker.
A trama questiona o papel das forças legais americanas durante a conquista do oeste e critica o despreparo de seus homens para lidar com questões importantes, como os conflitos entre colonos brancos e os índios e a disciplina nos quartéis.
Dessa vez, o confronto acontece contra um grupo de cheyennes que rejeitou o tratado de paz e trilhou o caminho da guerra, fazendo ataques a fazendas da região. "Quando vejo tanto ódio e tanta determinação (dos índios), compreendo o quanto nós, brancos, violentamos sua civilização e seu modo de ser", reflete Parker.
Mais adiante, o personagem mostra seu ceticismo quanto ao exército: "Espírito, audácia, heroísmo, pátria, divisa, bandeira... matam-se como cães, mas com um monte de retórica".