Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Paty Cockrum causa polêmica na Marvel

25 outubro 2005

MarvelPaty
Cockrum, esposa de Dave Cockrum, trabalhou durante muitos anos na redação
da Marvel,
na época que a "Casa das Idéias" era dirigida por Stan Lee, no início
dos anos 70.

E ela criou polêmica, quando escreveu uma longa série de artigos em sua
coluna, no site Scream
If You Want It
sobre seu passado na editora e o declínio da Marvel.

Na opinião dela, tudo começou quando Jim Shooter se tornou editor-chefe.
Depois a situação se agravou com Bob Haras, e daí para frente e editora
não conseguiu mais se recuperar, e vem destruindo sistematicamente muitos
de seus personagens.

Cockrum critica o que vem acontecendo nos títulos mutantes (vale lembrar
que seu marido, Dave Cockrum, teve uma participação fundamental juntamente
com Len Wein e Chris Claremont, em Uncanny X-Men), particularmente
com Magneto e Emma Frost (vilã cujo passado criminoso foi praticamente
apagado).

Grant MorrisonRecentemente,
o problema ficou centrado, na opinião dela, em Grant Morrison, que descaracterizou
Magneto
e o transformou num verdadeiro monstro (particularmente nos
eventos do arco Planeta X), muito diferente da origem criada
por Claremont, na qual ele era um jovem judeu idealista e radical. Aliás,
segundo ela, a editora não se decide se Magneto é judeu ou cigano (ou
ambos).

Segundo Paty Cockrum, o material de Morrison foi tão polêmico, que Avi
Arad (que, na época, além de chefe do Marvel Studios
detinha o controle criativo de tudo que a editora fazia) viajou para Nova
York e armou uma grande confusão com Joe Quesada e sua equipe, pois o
material das revistas estava diferente demais de suas versões cinematográficas.
Cockrum afirma que isso resultou no evento Reload,
no qual muitos títulos foram reiniciados, e é fácil de perceber que certos
elementos da trama de Morrison foram desfeitos.

Mark MillarMark
Millar também não é poupado, e sua história com Wolverine num campo de
concentração (Wolverine
32
) é considerada por ela uma abominação, que não só difere da
cronologia (pela qual alguns campos de concentração foram liberados por
Wolverine e o Capitão América), mas também é anti-semita.

Mark Millar afirmou diversas vezes que discutiu o enredo de Wolverine
32
com Will Eisner, e que foi o próprio criador do Spirit
(que é judeu) lhe sugeriu que Wolverine ficasse mudo durante toda a história,
para não banalizar a trama.

E foi assim, chamando a Marvel de anti-semita, que Paty
Cockrum, que não é judia, criou uma grande polêmica, sem evidências concretas
do que ela afirma e com argumentos e frases bombásticas.

Ela acabou tendo que esclarecer o assunto. Disse que não chamou Joe Quesada
de anti-semita, e que não acredita que ele o seja, mas afirma que estes
eventos, considerados por ela como tal, ocorreram durante o seu período
com editor-chefe.

Além disso, a Sra. Cockrum colocou que Claremont foi sabotado pela Marvel,
e por alguns de seus editores e escritores, pois sua revista Excalibur,
que lida com Magneto e Charles Xavier, teve sua trama interrompida diversas
vezes, para acomodar o enredo de Avengers Disassemble (crossover
que ela afirma ter sido sugerido por Millar) e depois House of M,
quando a revista Excalibur, escrita por Claremont, foi cancelada.

Entretanto, a Sra. Cockrum não menciona o nome do escritor de Avengers
Disassemble
, Brian Michael Bendis, que é judeu e filho de um rabino.

Claremont ganhou outro título, uma nova versão de Excalibur,
que retomará as aventuras do Capitão Bretanha.

Anteriormente, a Marvel já teve um caso relativamente
famoso, e bem mais concreto, no qual foi acusada de anti-semitismo, quando
numa edição de Wolverine foi usado um termo bastante pejorativo
para os judeus. A revista, na época, foi recolhida e reimpressa com aquele
diálogo modificado.

Os elogios, Paty Cockrum reservou para Joss Whedon, Chris Claremont e
seus companheiros da década de 70: Stan Lee, Marv Wolfman, Roy Thomas,
entre outros.

Paty Cockrum

Para quem não sabe, diversos super-heróis clássicos (Super-Homem,
Batman, Capitão América) foram criados por artistas de origem judaica.

A Marvel moderna surgiu em 1961, com o Quarteto Fantástico,
das mãos de Stan Lee e Jack Kirby, ambos judeus, cujos nomes verdadeiros
são respectivamente Stanley Lieber e Jacob Kurtzberg. Para completar,
atualmente a Marvel é comandada por Isaac Perlmutter.

Seria uma ironia terrível se a Marvel, uma editora que,
apesar dos erros, abraçou diversas religiões e culturas ao longo dos anos,
e em certos momentos até tentou chamar a atenção para problemas sociais,
realmente estivesse embrulhada numa "conspiração" anti-semita.

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