Playboy americana cria polêmica com a Mulher-Maravilha
A
edição norte-americana da revista Playboy de fevereiro traz na
capa a modelo Tiffany Fallon nua (apenas de botas), com o uniforme da
Mulher-Maravilha pintado em seu corpo.
Fallon foi a playmate do ano de 2005 e tem feito inúmeras aparições na TV.
O fato criou uma polêmica, principalmente na internet, nos meios especializados. Tudo gira em torno de um texto publicado na revista, na qual, para ilustrar o assunto da capa, Sexo na América, Fallon, maquiada como a super-heroína da DC, é comparada a uma Lynda Carter (a Mulher-Maravilha do seriado de TV) moderna e colocada como um símbolo da justiça, da verdade, e da sensualidade americana.
Os pontos mais discutidos são o currículo de Fallon, que simplesmente não possuiu uma indicação de que ela participe de qualquer atividade beneficente, de caridade, social, ou relacionada à justiça, para colocá-la como símbolo destas coisas; e ainda a comparação com Lynda Carter.
Carter, que também foi modelo e ganhou um concurso de beleza, era considerada, na época em que interpretou a Amazona, e particularmente nos Estados Unidos, uma mulher moderna, uma feminista, e serviu como modelo para muitas garotas. Seu papel no seriado, com uma atitude positiva, independente e idealista, teve uma importante influência no comportamento de diversas jovens.
E como não existe nada na carreira ou na imagem de Fallon - pelo menos, que se saiba - que se compare com o histórico de Carter, o assunto virou combustível para mais uma rodada de discussões entre homens e mulheres, nos mais diversos blogs e fóruns, com participação especial de numerosas feministas.
Embora
exista um mérito conceitual nessa discussão, por outro lado trata-se de
uma tempestade num copo d'água. Afinal, a revista Playboy trabalha
com a imagem sexual da mulher há mais de 50 anos. Se ainda se estivesse
falando da Time ou da New Yorker...
Se algumas pessoas acham que a revista passou dos limites comparando a modelo pintada com um dos símbolos da força do feminismo e da independência da mulher americana, esta é a atitude tradicional da revista masculina, que visa atender ao seu público-alvo.
Outro argumento interessante é que a Mulher-Maravilha, criada como uma personagem feminista, durante décadas não se comportou nem agiu como tal em suas histórias, e foi transformada em fetiche masculino devido aos seus trajes e formas esculturais, coisa que, aliás, também ocorreu com a participação de Lynda Carter no seriado de TV.
É com esse fetiche de alguns, especialidade da Playboy, que a revista está trabalhando.
A discussão perde ainda mais força quando se leva em conta o fato de a imagem da mulher ser explorada e banalizada até nas revistas destinadas ao público feminino.
Vale lembrar que a importância dada à personagem e o seu significado histórico nos Estados Unidos - dentro do contexto acima, não são os mesmos no Brasil.
Quem quiser pode ver a capa da revista aqui.