Quadrinhistas paraibanos se encontraram no Fenart
A
noite de 19 de novembro de 2004 foi memorável para os quadrinhos paraibanos.
O Festival Nacional de Arte - Fenart promoveu a reunião dos autores
confirmados e expoentes das HQs locais, para uma sessão de autógrafos
e comunhão com o público. O motivo do encontro foi a exposição de trabalhos
de Mike Deodato, Deodato Borges, Shiko e dos membros do grupo Made
in PB.
Dentro da programação do Fenart é realizada a Bienal de Desenhos,
que este ano deu destaque aos quadrinhos da terra, privilegiando os trabalhos
expressionistas de Shiko e as aventuras heróicas das personagens desenhadas
por Mike Deodato e do grupo Made in PB.
Também foi prestada uma homenagem a Deodato Borges, primeiro autor de
quadrinhos no estado, que lançou em 1963 a revista do Flama, personagem
inspirado num programa radiofônico.
No mezanino do Espaço Cultural foram montados os módulos da exposição,
que ocupou uma grande área dedicada aos desenhos, pinturas e reproduções
de capas de revistas em quadrinhos. Em meio à mostra, numa grande mesa,
estavam reunidos Deodato Borges, Mike Deodato, os jovens do Made in
PB - Janúncio Neto, Álisson, Adi, Jackson Herbert, Rick e Raoni -
para os autógrafos sobre pôsteres produzidos especialmente para a ocasião
e distribuídos ao público.
Como
nas melhores convenções de quadrinhos, as filas de fãs foram enormes,
demonstrando o reconhecimento e o crescente prestígio dos quadrinhos paraibanos.
Essa atividade foi praticamente organizada pelo Made in PB, que
já é uma referência no estado.
O grande sucesso internacional de Mike Deodato, evidentemente, deu um
novo alento aos quadrinhos na Paraíba, influenciando toda uma nova geração
de desenhistas e roteiristas. O Made in PB reconhece a importância
do autor, no qual se miram e se guiam por sua trajetória em busca de uma
oportunidade para a veiculação de seus trabalhos.
Contudo, o trabalho do grupo não se resume à cópia do estilo da moda.
Os jovens têm procurado firmar um estilo próprio com uma caprichada arte
com nuances que vão do desenho em preto-e-branco com contrastes em nanquim
à colorização em arquivos digitais. Os roteiros também trazem a preocupação
de fugir do aventuresco próprio aos super-heróis. As histórias procuram
enfocar temáticas adultas com toques da problemática social.
A curadoria da 2ª Bienal de Desenho foi do artista plástico Diógenes
Chaves, que além dos quadrinhos apresentou a obra de artistas de renome
do desenho brasileiro contemporâneo, como o goiano Divino Sobral.
Já
Shiko, além de figurar com suas telas e quadrinhos, ministrou uma oficina
de grafite, na qual a estética das HQs se fez predominante. Ele tem se
firmado como um autor excepcional pela qualidade de seus roteiros, comumente
inspirados em obras literárias; e pelo traço de uma beleza plástica e
domínio impressionantes.
Estas características, Shiko tem levado às suas telas em acrílica, criando
outras possibilidades para a expressão de um mundo criativo só seu.
Certamente, a Bienal de Desenho do Festival Nacional de Arte não
poderá mais prescindir em sua programação dos quadrinhos e leituras plásticas
afins. É certo que nem todas as expressões das HQs paraibanas foram mostradas
no evento, mas não era a intenção fazer um inventário dessa arte no estado.
Fica, portanto, a sugestão para as próximas edições: os quadrinhos de
humor, as tiras, os cartuns, a caricatura, a charge também merecem ser
contemplados com destaque, ainda mais porque a produção paraibana é uma
expressão reconhecida nos salões do gênero no Brasil.