Qual o impacto que o iPad, da Apple, terá nos quadrinhos?
A Apple anunciou ontem (27 de janeiro) o lançamento de uma nova categoria de produto no mercado: o iPad.
O iPad é o cruzamento de vários aparelhos e tecnologias modernas. Na prática, é um monitor computadorizado que funciona como uma tablet (uma mesa de desenho eletrônica). O monitor de LCD de 9,7 polegadas (24,63 cm) ocupa toda a área útil do aparelho, que funciona com uma tela touchscreen de multitoques. A tecnologia IPS usada pela Apple permite que a imagem seja vista com qualidade dentro de um ângulo de visão de 178º.
A tela pode ser empregada tanto na vertical quanto na horizontal e é capaz de exibir páginas inteiras de jornais e revistas. O aparelho foi criado para navegar na internet, enviar e-mails, ler livros, jornais e revistas digitais, assistir a filmes (ou usar o YouTube) e, claro, escutar músicas.
A Apple pretende introduzir um sistema de compra de livros digitais similar ao que foi criado para vender música no iTunes. Para isso, já possui parceria com grandes editoras.
Mas o aspecto que interessa para o fã de HQs é justamente o uso do aparelho para ler quadrinhos.
A julgar pela apresentação da Apple, fica óbvio que o iPad será muito utilizado para a leitura digital. Já existe até um aplicativo especial para exibir o New York Times. A loja da Apple tem um catálogo de 140 mil aplicativos desenvolvidos, a maioria dos quais rodará no iPad.
Dois desses aplicativos foram criados para ler quadrinhos, desenvolvidos pela RobotComics e Comixology. Hermes Pique, da RobotComics, disse ao site Bleeding Cool que sua empresa já está desenvolvendo um aplicativo que permita a leitura dos formatos CBR e CBZ, os mais populares disponíveis online e usados não apenas por quem lê scans pirateados, mas também por artistas e editoras.
Outra empresa especializada em HQs digitais que pretende capitalizar sobre o iPad é a LongBox. No entanto, até o fechamento deste artigo, ela não havia se pronunciado oficialmente sobre o produto da Apple.
O iPad, assim como o iPhone, parece não rodar aplicativos em Flash, o que deve ser um empecilho para o Zuda Comics (leia mais aqui), selo de webcomics, da DC.
Joe Quesada, da Marvel, declarou numa entrevista anterior ao lançamento do produto, que estava bastante interessado no evento e no desenrolar desta nova tecnologia. Mas nada de oficial além disso foi divulgado.
É difícil prever o impacto real que o iPad terá na produção e distribuição dos quadrinhos, mas já se especula no mercado norte-americano que esta é uma oportunidade de distribuição de revistas tão grande e interessante quanto o surgimento da distribuição direta, na década de 1980.
A chegada do iPad pode mudar muita coisa no cenário dos quadrinhos, principalmente nos Estados Unidos ou ser apenas mais um modismo. Por aqui, o quadro deve ser diferente, pois o custo inicial de 500 dólares pode não ser muito caro para consumidores americanos, mas certamente é alto para a maioria dos leitores brasileiros.
