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Quanto custa acompanhar as sagas Marvel e DC?

27 maio 2008

Comprar todos os títulos interligados a mais uma das costumeiras grandes sagas que todo ano surgem, sem esquecer das minisséries e edições especiais a ela relacionadas. É a essa maratona que os fãs de quadrinhos de super-heróis se acostumaram há muito tempo.

A despeito de opiniões divergentes e debates acalorados sobre a qualidade editorial dessas HQs e o desgaste que essa prática das editoras norte-americanas desperta nos leitores, ao menos em um detalhe todos concordam: está cada vez mais difícil encontrar, no fundo do bolso, a quantia necessária para acompanhar tanta revista em quadrinhos lançada com o objetivo de contar uma longa história que, muitas vezes, não faria a menor falta no currículo de leitura dos fãs.

O problema não é sentido apenas no Brasil, cujos números anuais de vendas de gibis, em valores e quantidades, estão bem abaixo dos apresentados em mercados mais abonados como o da Europa e o dos Estados Unidos.

Invasão Secreta

Na semana passada, um artigo publicado no site norte-americano Newsarama apresentou aos leitores da Marvel e da DC Comics, além do que já foi gasto nos últimos meses, o "orçamento" para os megaeventos Invasão Secreta e Crise Final, que todos precisam acompanhar se não quiserem ficar de fora dos crossovers da vez.

Até novembro de 2008, de acordo com os lançamentos divulgados até agora, Invasão Secreta (Marvel) será tema de 103 edições, ao custo de US$ 316.98, sem contar os encadernados e outras HQs ainda não anunciadas, mas que conterão elementos explicativos de acontecimentos mostrados nos demais títulos.

Da mesma forma, Crise Final (DC) pesará no bolso dos que optarem por continuar acompanhando essa história cujo pontapé inicial aconteceu há três anos. Até novembro, serão 30 edições e um gasto de US$ 115.14. Se mesmo assim parecer pouco, vale registrar que nessa quantidade não estão computados os títulos mensais e outros interligados (por enquanto não divulgados), somente as minisséries e edições especiais.

Esses dados ficam ainda mais assustadores quando se leva em conta que são referentes exclusivamente aos eventos Invasão Secreta e Crise Final, excluindo-se os poucos títulos não relacionados que possam sobrar.

E se alguém é fã não apenas de uma, mas das duas maiores editoras de quadrinhos de super-heróis, o total a ser gasto resultará, na melhor das hipóteses, em uma redução na compra de gibis de outras editoras que não se valem dos eventos apocalípticos para prender os curiosos ou "viciados" em grandes sagas.

No Brasil, quem comprou todos os títulos relacionados a Crise Infinita, última grande saga da DC publicada no País, gastou em torno de R$ 282,00, no período de sete meses. Esses números não incluem os de Crise de Identidade, evento anterior que abriu a série, nem os de 52, continuidade da saga. Por outro lado, Guerra Civil, da Marvel, custou para os fãs brasileiros da "Casa das Idéias" quase R$ 400,00, em oito meses de publicações.

Crise Infinita # 4

Resta a pergunta: os leitores terão condições financeiras para continuar comprando tudo o que são "obrigados" a adicionar em sua coleção?

A resposta pode ser a que Allan Coil comentou sobre o assunto no blog The Beat. "Chega o ponto em que o leitor tem que fazer uma escolha: ter sua própria vida ou ficar atrás da mãe a fim de conseguir dinheiro para comprar gibis", opinou.

No mesmo blog, outro visitante escreveu que (atenção para os cifrões estrategicamente colocados por ele) "Cri$e Final e Inva$ão $ecreta chegarão de qualquer maneira aqui na biblioteca local; assim, DC e Marvel podem se esquecer de saquear minha conta bancária neste verão."

Em tom de brincadeira, no Newsarama, um leitor comentou que os filhos devem estar trabalhando numa rede de fast food para manter o hábito dos pais de ler revistas em quadrinhos.

O exagero não exclui as reflexões cabíveis. Tentando salvar suas vendas ao condicionar os leitores e exigir deles uma fidelização baseada mais na necessidade de estar informado sobre as constantes mudanças dos personagens do que pela qualidade das histórias em quadrinhos, Marvel e DC caminham em um terreno perigoso.

A queda pode estar tão próxima quanto o novo futuro evento que "mudará para sempre o universo dos super-heróis".

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