Republicação histórica de Pif Paf, tablóide de Millôr Fernandes
Foram
apenas oito edições, todas publicadas em 1964, poucos meses após o golpe
militar que mergulhou o Brasil numa ditadura de mais de duas décadas.
Mas foram o suficiente para fazer o tablóide Pif Paf marcar época,
não só pela qualidade de seus cartuns e textos de humor, mas também pelo
fato de ser uma das primeiras baixas sofridas por uma publicação humorística
por força da famigerada censura que imperava naqueles tempos.
Criada e mantida pelo cartunista e humorista Millôr Fernandes (hoje articulista
da revista Veja), o tablóide influenciou diversos outros da chamada
imprensa alternativa no Brasil, entre eles o mais famoso de todos, o Pasquim.
O nome Pif Paf foi emprestado da coluna que Millôr assinava na
extinta revista O Cruzeiro, de onde foi despedido por ter escrito
um texto que incomodou conservadores católicos.
Humor ferino e sarcástico, provocações explícitas ao governo, além de
um projeto gráfico inovador para a época (idealizado pelo austríaco Eugenio
Hirsch). Isso e muito mais pode ser conferido agora, mais de 40 depois
do cancelamento da publicação.
Graças à editora Argumento, que está lançando um box com as oito
edições originais, ao preço de R$ 80,00. Além das republicações na íntegra,
a coleção conta ainda com textos de apresentação dos antigos colaboradores
do tablóide, entre eles o cartunista Ziraldo.
A iniciativa merece aplausos por resgatar uma das fases mais criativas
e inteligentes do humor brasileiro. E ainda apresenta às novas gerações
alguns nomes que, embora ainda na ativa, têm vários de seus melhores trabalhos
há muito esquecidos.
Desta vez, tudo sem censura.