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Resenha: Exagero no clima de videogame prejudica

30 abril 2008

Speed RacerTodo
garoto tem vontade de pilotar um carro. Se for um de corrida, então, melhor
ainda! Esse é exatamente o grande sonho do pequeno Speed Racer, que mal
presta atenção à aula, nem se preocupa com o dever de casa: ele quer é
dirigir em alta velocidade.

E assim começa o filme Speed Racer, adaptação do desenho animado
de Tatsuo Yoshida, lançado na década de 1960.

O pequeno Speed rouba a cena, enquanto o espectador é levado junto com
ele e Rex, seu irmão mais velho, a também sonhar com a chance de dirigir
em alta velocidade. Mas Rex abandona a família, passa a ser acusado de
ser um piloto trapaceiro e sofre um terrivel acidente num perigoso rally.

A família de Speed passa por maus bocados, em especial seu pai e preparador
dos carros de corrida, Pops. Quando dão a volta por cima e redescobrem
o prazer da alta velocidade, um vilão milionário e seus capangas estão
no caminho, querendo sabotar os resultados das corridas - sorte que o
misterioso Corredor X vai dar uma mão.

Speed RacerAventuras,
diversão e encrencas estão no caminho da busca por grandes vitórias.

Tinha tudo para ser um filmaço, certo? Tinha. Só que, quando o espectador
está entrando no clima de Speed Racer, algo estranho ronda a telona.
E acaba gerando um certo desconforto. Os cenários, o ambiente e especialmente
as cores são artificiais demais, como um grande videogame, dificultando
uma maior identificação com os personagens.

Entrar nesse jogo eletrônico, ainda que tenha "fases" divertidas, como
as corridas alucinantes que são verdadeiras guerras entre os pilotos -
em clima de vale-tudo - cria um dilema: nas demais partes da película
fica-se em dúvida se é um filme que se passa num ambiente de desenho animado,
ou o contrário, uma animação com pessoas reais.

Speed RacerDessa
maneira, perde-se parte do foco: o adulto que era fã do desenho vai gostar
da alta velocidade, da presença do Corredor X e da pancadaria, mas vai
achar algumas coisas muito "bobinhas". Os pequenos podem se assustar com
a violência das corridas. As meninas vão se identificar com pouca coisa.
Bom mesmo para os pré-adolescentes, que vão se divertir de verdade em
trocar algumas horas do seu videogame pelo que parece ser um jogo bem
maior, na telona.

Para os fãs, não deixa de ser bacana ver o famoso carro Mach 5 em ação
com todos (todos mesmo) seus apetrechos originais. E também recordar o
tema musical e acompanhar as passagens alucinantes entre as diversas situações
criadas na trama, tudo de maneira frenética.

Os momentos de humor são reservados para Gorducho, irmão menor de Speed,
e seu fiel companheiro, o chimpanzé Zequinha - tão insuportáveis quanto
na animação.

A direção do filme é dos irmãos Wachowski (os mesmos de
Matrix). No elenco, Emile Hirsch, Christina Ricci, John
Goodman, Susan Sarandon, Matthew Fox, Hiroyuki Sanada, Richard
Roundtree, Ji Hoon Jung, Benno Furmann, Kick Gurry, Paulie Litt e
Roger Allam.

Os destaques são Goodman, perfeito no papel de Pops, pai de Speed –
tanto na interpretação quanto visualmente. E o bom ator Emile Hirsch
faz um Speed Racer extremamente simpático.

Speed Racer não chega a ser um filme ruim, mas peca por esse excesso
de clima de videogame em detrimento da história. Meia hora depois do final
do filme, assim como nos jogos eletrônicos, ninguém lembra mais o que
estava jogando. Ou assistindo. Game over!

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