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Resenha: uma aposentadoria digna para Indiana Jones

Por admin
20 maio 2008

Indiana Jones e o Reino da Caveira de CristalA
expectativa era mesmo grande: Afinal, já se vão 19 anos desde que Indiana
Jones sumia no horizonte ao final da última cruzada. O longo hiato se
refletiu em tempo real e o arqueólogo mais conhecido do cinema realmente
teve uma vida por todo esse tempo: enfrentou uma guerra mundial como agente
duplo, passou por outros amores, viveu outras aventuras e, desta forma,
chegou ao final dos anos 1950. Uma era cheia de novas tecnologias, invadida
pela televisão em franca ascensão, com uma corrida armamentista em pleno
desenvolvimento e uma espacial a ser iniciada. E com novos inimigos para
combater.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, é verdade, recorre
a alguns truques sujos, como a película toda com cara de filmada há 20
anos (com o requinte de se utilizar o logo da década de 1980 da
Paramount); o retorno do principal interesse amoroso do aventureiro,
Marion Ravenwood; e o famoso depósito em que o governo deposita todos
os seus artefatos secretos. Mas traz tudo aquilo pelo que os fãs ansiaram
por todo o tempo de espera: ação frenética e muita, mas muita aventura.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de CristalÉ
estranho, logo de início, ver um dos ícones do cinema dos anos 1980 tão
velho, tão marcado. O personagem, assim como Harrison Ford, traz no rosto
os frutos do tempo. Mas isso não dura cinco minutos. Porque Indy continua
agindo rápido, nem sempre com uma cartada nas mangas, mas contando com
a sua habitual sorte, seu conhecimento quase enciclopédico e uma agilidade
impressionante.

Há quem possa criticar o fato de que o quarto filme da franquia de George
Lucas apele para alguns absurdos. Mas o que era a grande pedra rolando
nas primeiras cenas de Os Caçadores da Arca Perdida - fora a grande
inspiração, declarada, de uma história do Tio Patinhas de Carl Barks -,
afinal?

Basta imaginar, e o expectador vai conseguir, assim como o professor Jones,
em menos de dez minutos, redescobrir a Arca da Aliança, descobrir um projeto
secreto de propulsão espacial e se salvar de uma explosão atômica. Absurdo?
Nada disso: aventura, pura e simples, pronta para arrebatar novos fãs
para o personagem e fazer a alegria de quem acompanha suas peripécias
há quase 30 anos.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de CristalDesta
vez, o herói se depara com um jovem que busca sua ajuda para desvendar
o paradeiro de um amigo em comum, o professor Oxley (John Hurt, positivamente
irreconhecível), que desapareceu misteriosamente enquanto procurava o
El Dorado, a mítica cidade feita de ouro escondida em algum ponto da Amazônia.

Mutt, o tal jovem, é um cara pra lá de impetuoso e é claro que Indy, sempre
disposto tanto a ajudar seus amigos como a se arriscar por mistérios históricos
do planeta, embarca nessa aventura. E enfrenta comunistas, anti-comunistas,
nativos selvagens e diversas armadilhas, tanto naturais como construídas
por alguma civilização remota.

É um filme original? Não, isso não se pode dizer. Existe muito de previsibilidade
na história criada por George Lucas e Jeff Nathanson, mas isso de fato
não importa. O que vale, para todos os fãs, sempre são as vilãs com um
quê sedutor, as mocinhas com aquele ar apaixonado, os amigos leais e a
escalada de fatos quase inverossímeis que, quando vistos pela ótica de
Indiana Jones, fazem todo o sentido do mundo.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de CristalShia
LaBeouf, que interpreta o jovem Mutt, rouba a cena diversas vezes, o que
também soa proposital. Claramente este filme é uma passagem de legado
entre gerações conectadas, cada qual, com o seu tempo. Se haverá um quinto
filme com LaBeouf estrelando? Não se sabe, e pode muito bem ser que não.
Mas é um personagem que também tem tudo para cativar novos fãs e, assim,
vencer a barreira do tempo e estender por mais alguns anos a carreira
de uma das mais bem-sucedidas séries de cinema de todos os tempos. O que
não seria de todo mau: com a aposentadoria (ou não) merecida do
aventureiro, talvez seja mesmo a hora de passar a tocha (ou o chapéu)
adiante, como o filme faz questão de sugerir.

Enfim, quer saber se vale o ingresso? Claro que sim. É daqueles filmes
pra você sair empolgado, depois de se desligar de sua vida mundana e chata
por duas horas e alguns minutos para cruzar as três Américas e descobrir
que o mundo de emoção continua ali. Talvez até mesmo outros mundos (afinal,
são novos tempos). Basta sentar na poltrona, encarar um racha de carros
logo de cara e perceber que já mergulhou fundo na aventura.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de CristalIndiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

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