Reviravolta: DC Comics não será mais publicada pela Pixel
Em
setembro, quando o Universo HQ noticiou
que a DC Comics
passaria, a partir de 2007, a ser publicada pela Pixel
Media, o mercado de quadrinhos entrou em polvorosa.
Desde então, leitores e imprensa aguardavam um comunicado oficial a respeito
do assunto. E ele não aconteceu porque houve uma reviravolta na negociação:
a Pixel não vai mais publicar os títulos da DC
Essa "quase parceria" começou no mês de setembro, quando a DC informou
oficialmente a todas as editoras que lançavam seus materiais no Brasil,
que a Pixel passaria a ser a detentora dos direitos de publicação
a partir do começo do próximo ano.
Nesse período, a Pixel recebeu o contrato da DC, sugeriu
algumas mudanças e ficou apenas aguardando a confirmação. Mas começava
aí uma longa e exaustiva rodada de novas negociações.
Mesmo após ter enviado o contrato, a DC passou a pedir garantias
financeiras e fazer novas exigências editoriais, que a Pixel, por
meio especialmente da Ediouro (uma das empresas que formam a Pixel,
em parceria com a Futuro), afirma ter apresentado.
Enquanto isso, caixas repletas de títulos da editora de Batman, Superman
e companhia foram enviadas à sede da Pixel, para que se começasse
a fazer a programação e a produção das revistas.
Em visita à sede da editora norte-americana, no começo de setembro, Odair
Braz Júnior, da Pixel, chegou a ser apresentado a todos como o
"novo editor da DC no Brasil".
A mudança era tão dada como certa, que a continuidade das revistas
de linha chegou até a ser discutida entre representantes de Pixel,
Panini e da própria DC em uma reunião, para decidir, especialmente,
quem publicaria a saga Crise Infinita.
Apesar disso, o contrato não retornava para o Brasil. Então, em outubro,
durante a Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, a editora norte-americana
parece ter "reaberto as negociações".
Nos últimos meses, o Universo HQ entrou em contato algumas vezes
com o vice-presidente de finanças da DC, John Nee, para obter uma
explicação sobre essa indefinição. Afinal, o prazo para que as revistas
fossem lançadas em janeiro de 2007 estava encurtando cada vez mais. No
entanto, ele preferiu não dar nenhuma declaração oficial e chegou, inclusive,
a ser irônico sobre o assunto em uma de suas respostas.
Foi o próprio Nee, durante a Comic-Con de San Diego, quem insistiu
para que a Pixel entrasse na concorrência pelos super-heróis da
editora - a proposta inicial era apenas pelos materiais da Vertigo
e WildStorm.
A intenção da DC parecia ser concentrar todos os seus títulos em
apenas uma editora.
Mas na noite de 28 de novembro, a Pixel foi informada que sua proposta,
mesmo com todas as alterações subseqüentes, havia sido recusada pela DC.
Ninguém da editora quis comentar o assunto.
Agora, a Pixel tentará ao menos ficar com os títulos da Vertigo
e da WildStorm, mas nem isso é certo. Tudo dependerá de uma nova
negociação.
Em virtude de seu poderio financeiro e do bom trabalho realizado nos últimos
anos, a Panini tem tudo para ser o destino dos títulos da DC.
Entretanto, até o fechamento desta matéria, a multinacional italiana no
Brasil também não havia recebido qualquer comunicado da editora norte-americana.
Nos bastidores fala-se até que outro grupo europeu teria entrado no páreo.
Parece improvável, mas como a Planeta
DeAgostini está presente no Brasil e foi a editora que assumiu
a DC na Itália, ela talvez seja uma aposta, mesmo sem ter qualquer
tradição com quadrinhos em nosso país - atua especialmente na área de
fascículos colecionáveis.
A maneira no mínimo questionável como a DC vem conduzindo essa
negociação mostra que, diferentemente das duas editoras inicialmente envolvidas,
a preocupação com o tempo que suas revistas ficarão longe das bancas inexiste.
Resta aguardar a decisão oficial da DC, para saber se as chances
de uma efetiva concorrência entre suas revistas e as da Marvel
ainda são reais, o que seria benéfico para o mercado; ou se a Panini
mostrará toda sua força, tornando-se, de vez, a "dona" das bancas brasileiras,
com super-heróis, mangás, HQ européias e, a
partir de 2007, a Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa.
Se continuar publicando a DC, a multinacional italiana, que é a
licenciante mundial dos títulos da Marvel, terá conseguido, literalmente,
vencer um jogo que estava perdido. Não é pouco.