Revista Personnalité traz longa entrevista com Albert Uderzo
Em
2009, Asterix completa 50 anos de existência. Apesar de sua editora no
País, a Record, até o momento não ter anunciado nada especial para
comemorar a data, os fãs brasileiros do irredutível gaulês terão um presente
exclusivo. Isso porque a Revista Personnalité (96 páginas coloridas,
R$ 15,00), publicada pela Trip Editora para o banco Itaú Personnalité,
traz em sua oitava edição, que começa a ser vendida na próxima semana,
uma longa entrevista com Albert Uderzo, um dos criadores do personagem,
juntamente com o já falecido René Goscinny.
Segundo o editor da publicação, o jornalista Gonçalo Júnior (autor do
excelente A
guerra dos gibis), o repórter Fernando Echenberg ficou "na cola"
de Uderzo por, pelo menos, 15 meses.
"A entrevista chegou a ser marcada para dezembro de 2008, quando Uderzo
desistiu (no auge do noticiário sobre a sua briga
jurídica com a filha)", revela Gonçalo. E o assunto é comentado pelo
autor, que não concede uma entrevista longa à imprensa francesa há mais
de dois anos.
A Personnalité cedeu ao Universo HQ, em primeira mão, alguns
trechos da entrevista feita com Uderzo, que poderá ser conferida na íntegra
na revista, nos próximos dias. Confira abaixo.
A voz de Asterix
Em entrevista exclusiva, Albert Uderzo, criador de Asterix, fala dos
50 anos do personagem, de sua vinda ao Brasil, da parceria com René Goscinny
e de curiosidades da trajetória do gaulês que já vendeu 325 milhões de
exemplares em 33 álbuns traduzidos para 107 línguas
Albert Uderzo, 82 anos, é o remanescente da dupla original de criadores
do Asterix. Anti-herói por excelência, o personagem francês de René Goscinny
e Uderzo goza, hoje, de plena saúde e comemora seus 50 anos com inabalada
popularidade. Uderzo veio ao mundo a 25 de abril de 1927, em Fismes (França),
com seis dedos em cada mão. A malformação, corrigida posteriormente por
uma cirurgia, parecia prenunciar uma excepcionalidade futura. Seu pai,
imigrante italiano, tentou por tudo que aprendesse a manejar com destreza
o acordeão.
Você
já esteve algumas vezes no Brasil. Que lembranças tem dessas viagens?
Fui três vezes ao Brasil, sendo que viajamos duas vezes ao Rio, de
Concorde, passando por Dakar. Estive pela primeira vez em 1971, com minha
mulher e minha filha. Fomos visitar minha irmã, que vivia no Rio. Meu
cunhado era militar, foi enviado ao Rio. Minha irmã nos convidou para
ver o Carnaval. Assistimos a essa extraordinária festa, que acontecia
numa avenida hoje não mais utilizada para os desfiles. Fomos recebidos
pelo nosso editor brasileiro, Alfredo Machado (fundador da Record,
já falecido).
O que o Brasil evoca em você?
Antes de tudo, me evoca um país extremamente belo. Tivemos o prazer
de ir até a capital, Brasília, com construções ainda inacabadas. Era relativamente
deserto. Me lembro de ficar surpreso na visita a um grande centro comercial,
pois não havia quase ninguém, mas tinha os álbuns de Asterix à
venda. Saber que estávamos tão longe de casa e ver os álbuns lá me deu
obviamente prazer. Me emocionou o fato de saber que o trabalho que fizemos
podia ser apreciado em locais tão longínquos. Não visitei as favelas porque
era algo um pouco delicado de se fazer, mas queria tê-lo feito. Havia
uma favela ao lado de Brasília, ocupada por pessoas que trabalharam na
construção da cidade, mas não pudemos colocar os pés lá. A imagem que
guardo do Rio e de seu Carnaval é fantástica. Fomos convidados a bailes.
As fantasias, as belas mulheres...