Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Ron Marz revela segredos sobre mudanças de Hal Jordan/Lanterna Verde

18 dezembro 2003

Green Lantern #49Em entrevista ao site CBR, o escritor Ron Marz explicou o que aconteceu em meados da década de 1990, quando uma radical decisão editorial mudou o futuro do Lanterna Verde, fazendo com que Hal Jordan abandonasse o anel do herói e um novo personagem - Kyle Rayner - assumisse tal papel.

Afinal, como uma mudança que causou (e causa até hoje) tanta repercussão e crítica entre os leitores foi tomada? Ele mesmo, que é possivelmente um dos escritores mais odiados entre os fãs, tratou de contar como tudo aconteceu.

"Recebi uma ligação num sábado à noite, quando me ofereceram o título", começa Marz relembrando o hoje distante ano de 1993. "Na verdade eu estive nos escritórios da Marvel naquele dia, quando voltei, eu e minha esposa saímos para jantar, e por volta das nove da noite meu telefone tocou. Era o editor Kevin Dooley me oferecendo o trabalho. Mike Carlin, Archie Goodwin e Denny O'Neil estavam na sala, assim como Eddie Berganza, que era assistente de Kevin na época. Acho que Paul Levitz também estava por lá".

Green Lantern #50"Kevin disse que queria que eu assumisse a revista do Lanterna porque o título precisava de uma nova direção", continua. "Eu fiquei animado, já que achava o Hal um personagem muito legal, e adorava aquele uniforme. Foi então que a ficha caiu. Kevin explicou o que estava planejado: essencialmente, remover Hal Jordan da revista e substituí-lo por um novo Lanterna Verde a ser criado. Era algo bastante sério. Demorou uma semana até eu aceitar o convite. Sabia que era uma grande oportunidade, uma rara chance de realmente mudar os rumos de um título. Mas também sabia que isso acarretaria uma imensa bagagem. Obviamente, terminei por entrar no projeto de cabeça."

Curiosamente, Ron Marz jura de pés juntos que estava vestindo uma camisa estampada com Hal Jordan quando recebeu tal telefonema. "Eu ainda a tenho", garante.

Àquela altura, a decisão já estava tomada, e havia vindo de cima. Se não fosse Ron Marz, outro escritor trataria de "dar um fim" a Hal Jordan.

Green Lantern #51"As pessoas acreditarão naquilo que quiserem, mas se existe alguém que acha que o grande objetivo da minha vida foi destruir Hal Jordan e o mito do Lanterna Verde... por favor, procure ajuda. O trabalho me foi oferecido", enfatiza. "O serviço tinha certos parâmetros. Me fizeram a oferta e trabalhei com esses parâmetros fazendo o melhor que podia. A verdade é que, se eu não tivesse escrito a saga Crepúsculo Esmeralda, outra pessoa o teria feito. Entretanto, não quero me livrar da 'culpa'. Eu escrevi as histórias, e se você não gosta delas, sinta-se livre para me culpar, já que meu nome está nos créditos."

Ainda assim, Marz admite achar a saga uma atitude corajosa da DC Comics. "Fazer uma mudança permanente num de seus principais personagens é algo corajoso. Gostava do Hal como personagem, e ainda gosto. Mas ele foi mal-tratado nos anos anteriores."

Além das imposições editoriais, Marz teve outro problema: prazo. "Quando assumi a revista, as edições 48, 49 e 50 já estavam delineadas. O título estava atrasado, e as coisas precisavam ser feitas. Escrevi minhas três primeiras edições de uma só vez, por isso há três artistas diferentes ilustrando as histórias", explicou.

Green Lantern #176"Eu adoraria ter feito Crepúsculo Esmeralda em seis edições. Era o mínimo necessário para fazer a queda de Hal Jordan crível e trágica. Mas acabamos tendo algo feito às pressas devido as circunstâncias, e me arrependo disso", lamentou o escritor.

Ele contou ainda que recebeu dos editores, por escrito, algumas regras para a trama. "Eles tinham algumas coisas anotadas do que deveria ser a história: Hal enlouquece, aniquila a Tropa dos Lanternas Verdes, mata Sinestro e explode a bateria central de Oa e os Guardiões. Os detalhes ficavam por minha conta."

Mas, se a história já estava delimitada quando ele assumiu, tudo o que foi feito depois contou com total liberdade por parte da DC. "Tive liberdade para desenvolver o novo Lanterna Verde. A editora me deixou fazer Kyle desde o começo, como o nome, o visual, sua história e tudo mais."

Green LanternA criação de Kyle Rayner foi uma tentativa de atrair novos leitores e mudar o perfil do herói. "Para mim, existem essencialmente três arquétipos de personagens nos quadrinhos: Super-Homem, Batman e Homem-Aranha. O Super-Homem é o herói básico, que usa seus poderes para o bem; Batman é o herói sombrio e o Aranha é o homem comum. Hal Jordan se encaixava na categoria do Super-Homem e, para a próxima geração de Lanternas Verdes, queria alguém diferente, uma pessoa comum. Queria alguém como eu ou você que ganha um incrível e poderoso artefato como aquele anel."

Ron Marz revelou ainda que, se dependesse dele, Hal Jordan continuaria sendo Parallax até hoje. "Eu gosto da idéia de ter um antagonista trágico e cósmico no Universo DC", opina.

No final, a tarefa foi bem-sucedida para aquilo que se propôs. As vendas aumentaram, e o título do Laterna Verde acabou se tornando a série mais vendida da DC Comics durante aquele período, mesmo após o fim de Crepúsculo Esmeralda. Kyle Rayner resiste até hoje, e Marz está prestes a se reencontrar com sua cria.

"Estou voltando à revista em Green Lantern # 176. Meu arco de histórias se passará na Terra, onde Rayner se reencontrará com os personagens secundários do título. Mas o processo não será tão fácil quanto ele espera, o que o fará repensar muitas coisas", resume.

Ron Marz ficará na série por seis números.

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